Uma das maiores lições que recebi na minha vida foi do prof. Rinaldo da FACAL, lecionava Recursos Humanos e devido a sua paciência, eu ironicamente o apelidei de The Flash.
Certo dia, eu e minha inquietude, estava daquele jeito: falava aqui, falava ali, perturbava com um com outro, até que o professor Rinaldo olha pra mim e fala:
– Benízio! Você vai sentar e ficar dois minutos calado; se você abrir a boca irá se retirar da sala de aula.
Passado alguns segundos, levantei a mão e disse:
– Professor! Desculpe, mas eu não aguento não, deixe eu sair da sala.
Ele parou a aula e olhou pra mim e mandou o maior cascudinho que recebi:
– Benízio! Deus nos deu o dom da fala para a gente se comunicar e não simplesmente falar.
– Os animais por exemplo, não falam, mas se comunicam.
Confesso meu amigo que se tivesse um buraco ali naquele momento eu teria socado a cabeça.
Que vergonha!
Hoje eu agradeço a ele por essa lição, confesso que ainda estou muuuuito longe do que pretendo chegar, mas graças ao professor Rinaldo comecei a ver a comunicação por outra ótica.
Mais tarde noutro curso aprendi que quem controla a conversa é quem ouve e não quem fala.
Quando nossos pais estão mandando aquele sermão o que é que a gente faz?
Liga o ouvido no piloto automático e passamos a escutar. Dou um doce se depois de terminar o sermão você lembrar de uma palavra sequer.
Eis aí a diferença entre ESCUTAR x OUVIR.
Por outro lado, temos passagens de vida da infância que ainda recordamos até com as pausas, o que ouvimos.
Atualmente nosso mundo vive carente de “Escutatória”.
Todo mundo quer falar, mas ouvir que é bom nada!
Ao sermos abordado por um amigo, um colega que quer desabafar um problema, dividir um assunto, começamos a escutar, na primeira oportunidade o interrompemos e já mandamos nossa opinião.
Gente! O cara nos chamou para simplesmente o “ouvir”, em momento algum ele pediu opinião.
No fundo, isso nada mais é do que nossa arrogância, egoísmo e orgulho, nossa dificuldade de ser solidário, fraterno e aceitar toda diversidade que existe no mundo.
Nos achamos o “modelo ideal para salvação da humanidade”, e tudo isso pode ser resumido numa simples palavrinha: egoísmo.
Ouvir é virtude de poucos, mas eu chego lá.
Silêncio é terreno povoado por poucos e desconhecido por muitos.
Há quem diga que o silêncio é sinônimo de nada, mero engano.
Pare e reflita: ocupar o silêncio com tudo, sempre, não seria de certa forma uma fuga?
Um ato de covardia, um medo de saber quem realmente somos?
Fica a provocação.
Sugiro aqui o texto do escritor mineiro Rubens Alves: A Escutatória.
Viva a arte de ouvir!
Viva Peninha!
Viva Rubem Alves!
Viva Alberto Caeiro! Viva Joanna de Ângelis!
Viva Deus!
Benízio Elias Filho – Duy