Lula discursa, nesta terça-feira, na Assembleia-Geral da ONU

Por Agência O Globopresidente Luiz Inácio Lula da Silva fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, nesta terça-feira, em Nova York, com a mensagem de que o Brasil está de volta ao cenário internacional, em uma demonstração clara de ruptura com a política externa de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

Lula tentará assumir o papel de porta-voz das nações em desenvolvimento, ao defender a maior participação desses países nas grandes decisões mundiais, e voltará a cobrar dos ricos medidas para mitigar os efeitos do aquecimento global.

Será o primeiro discurso de Lula na sede das Nações Unidas em 14 anos. Tradicionalmente, o Brasil abre a Assembleia-Geral, desde que a ONU foi fundada, em outubro de 1945.
Segundo interlocutores do governo brasileiro, Lula defenderá uma nova governança global, capaz de corrigir distorções vistas hoje tanto no âmbito do Conselho de Segurança da ONU — a avaliação é que o órgão tem se mostrado incapaz de resolver grandes conflitos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia — quanto na agenda ambiental e no financiamento de projetos de infraestrutura e produção de alimentos para o combate à fome. Na pauta, o presidente destacará o resgate do chamado Sul-Global.
No caso do Conselho de Segurança, o Brasil — junto com Japão, Índia e Alemanha — é candidato a uma vaga permanente. Hoje, ocupam essa posição apenas cinco países: Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França e China. Esse modelo é considerado ultrapassado e ineficiente, uma vez que quem ocupa um assento permanente tem direito a veto.
O exemplo dos russos é emblemático. Não há como decidir por sanções no campo multilateral contra Moscou, por causa da invasão da Ucrânia, porque a Rússia sempre usa o poder de veto.