Blog do Matheus Leitão
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chorou e se emocionou ao completar 61 anos, ontem, justamente no seu último dia à frente do Ministério Público Federal. Alvo de críticas, acusações e infortúnios recentes, como as suspeitas envolvendo a delação dos executivos da JBS, Janot viveu um voo turbulento, como previsto neste espaço há dois anos, ocasião em que ele assumiu seu segundo mandato.
A saída de Janot da chefia do Ministério Público Federal não é somente o fim de uma gestão. É também o ponto final de uma Era dentro do órgão investigador. O procurador-geral é o último integrante dos “tuiuiús”, apelido dado a um grupo que, na década de 90, assim como a ave pantaneira, tinha dificuldade em levantar voo.
Os tuiuiús assumiram a liderança com Claudio Fonteles, mas também com Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel, que comandaram a investigação no mensalão do PT. Na década de 1990, eles – Janot, Fonteles, Souza e Gurgel – eram a oposição a Geraldo Brindeiro, o procurador geral dos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Não assumiram cargos importantes.
Mais jovem daquele grupo, coube a Janot fazer o arremate final dos 14 anos dos tuiuiús à frente do MPF. Mais do que isso: sob a batuta dele a Operação Lava Jato, a mais importante do Brasil, atingiu lideranças históricas do país, sacudindo as estruturas do poder. Ao longo desses últimos quatro anos, Janot colecionou desafetos no mundo político e jurídico por seu estilo combativo. Entre os inimigos poderosos acumulados, destacam-se, além do presidente Michel Temer, os senadores Fernando Collor (PTC-AL) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O ex-presidente Lula o criticou em áudio captado pela operação que acabou se tornando público.
Continua…