Vigilância com o peso deve ser mantida mesmo após cirurgia bariátrica

Folha de Pernambuco

O excesso de peso é, muitas vezes, fator primordial para o surgimento de diversas comorbidades. Perder essa gordura retida no corpo não é uma das tarefas mais simples, e a cirurgia bariátrica surge como uma alternativa segura e eficaz. Mas ela não é solução definitiva para o problema, que exige cuidados prévios e posteriores.

Conforme explica o cirurgião do aparelho digestivo Sérvio Fidney, coordenador do Centro de Cirurgia da Obesidade do Hospital Jayme da Fonte (HJF) e membro associado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e metabólica, existe uma série de requisitos que precisam ser cumpridos para que o procedimento cirúrgico seja indicado a um paciente. “Pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 35 ou 40, com comorbidades associadas ao excesso de peso e que não tenham obtido sucesso com o tratamento clínico, seja ele dietético e medicamentoso, por pelo menos 2 anos podem receber a indicação da cirurgia”, esclareceu o cirurgião.

Antes do procedimento, o paciente é submetido a uma série de exames pré-operatórios e avaliações junto a uma equipe multidisciplinar, que conta com cardiologista, endocrinologista, entre outros. “Essa avaliação é extremamente necessária porque há a possibilidade de outras doenças, como as da tireóide, das glândulas adrenais e da hipófise, estarem causando ou contribuindo com a obesidade, e elas precisam ser tratadas antes do procedimento”, afirmou Fidney. Dentre os especialistas que precisam acompanhar o paciente, estão também psicólogo e nutricionista.

Além disso, há a escolha da técnica cirúrgica. As mais utilizadas são o Bypass gástrico e a gastrectomia vertical, que apresentam resultados semelhantes na questão perda de peso. “A escolha deve ser individualizada e definida com a participação do paciente. A presença de comorbidades tem muita relevância na hora da decisão”, disse o coordenador do HJF.

O promotor de vendas Alberisson Junior, hoje com 25 anos, realizou o procedimento há dois anos e três meses. O excesso de peso estava provocando doenças cardiovasculares, dores nas articulações, diabetes e pressão alta. Para ele, apesar de o procedimento alterar a forma física da pessoa, a principal transformação deve ocorrer na cabeça. “Antes de tudo, é preciso educar a mente., conhecer o próprio corpo e saber os limites dele”, enfatizou Alberisson. 

Acompanhado por cirurgião, psicólogo, ortopedista, nutricionista e endocrinologista, o promotor de vendas diz que se sentiu seguro para realizar o procedimento graças ao trabalho desempenhado pela equipe multidisciplinar. “Ser bem assistido faz toda a diferença. Não fiquei com dúvidas sobre o procedimento, e isso me deixou muito seguro. Mesmo sendo de grande porte, a cirurgia é tranquila, mas o acompanhamento de profissionais qualificados que tornam o processo mais brando”, complementou Junior.

Segundo o cirurgião Sérvio Fidney, além da dieta, a mudança nos hábitos de vida, com a adoção de uma rotina mais saudável, deve ser iniciada antes da cirurgia e mantida após o procedimento. “Já antes é necessário se reinventar e deixar para trás todas as situações que levaram o paciente à obesidade. Nos primeiros 30 dias após a cirurgia, a atenção deve ser direcionada para a dieta e evitando atividades físicas com maior intensidade. Após isso, o paciente deve permanecer vigilante com o peso e com a reposição das vitaminas”, finalizou o cirurgião.