Um debate com cara de debate…

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Um debate como há muito não se via. O último confronto entre os candidatos à Presidência da República, ocorrido entre a noite da quinta-feira (2) e a madrugada desta sexta-feira (3) e organizado pela Rede Globo, teve tudo que que um debate precisa: acusações, bate-boca, dedo em riste e as tão cobradas propostas. Um evento à altura de uma campanha maluca como a atual, com altos e baixos, e que chega a dois dias do pleito completamente indefinida, onde tudo pode acontecer no domingo, de acordo com as últimas pesquisas.

Cada qual com estratégias bem definidas, os três principais candidatos não tiveram um desempenho linear. A começar pela presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), que lidera as pesquisas. Ela trocou os risos da propaganda eleitoral gratuita pelo semblante fechado, quase carrancudo, e chamou Aécio Neves (PSDB) para o confronto.

A tática foi uma demonstração clara que ela prefere enfrentar o tucano em uma eventual disputa pelo segundo turno da eleição. Até porque o PT já tem o know-how para enfrentar o PSDB em uma nova etapa de campanha. Uma jogada de segurança diante de uma disputa no escuro contra Marina Silva (PSB). Por vezes, a presidente-candidata gaguejou nas respostas e também demonstrou impaciência em dados momentos.

A socialista, por sua vez, ora escolheu Aécio, ora confrontou Dilma. Durante boa parte dos embates, tentou deixar de lado aquela imagem de mulher frágil, passando a ser mais assertiva, chegando a colocar o dedo em riste em uma das respostas. Por duas vezes ela protagonizou episódios inusitados: em um debate com a presidente Dilma, após a tréplica ambas continuaram a se digladiar. Em outro momento, começou a responder a uma indagação feita por Eduardo Jorge. O problema é que ele já estava na tréplica, e ela não tinha mais direito a comentar. Em algumas passagens pareceu excessivamente cansada.

Assim como outros debates, Aécio mostrou segurança nas suas intervenções. Algumas vezes até demais, fazendo piadinhas que mais lembrava um apresentador de auditório. Ele não teve alvo definido. Partiu para cima de Dilma e Marina, a quem tenta ultrapassar para chegar ao segundo turno. Mas nem sempre se deu bem. Contra a presidente, por exemplo, acabou levando a pior em dado momento. Aécio ainda contou com as parcerias com os candidatos pequenos. O Pastor Everaldo, por exemplo, foi o rei das assistências ao tucano.

E por falar nos candidatos pequenos, eles, como sempre, fizeram um debate à parte, e foram responsáveis por parte do humor e das polêmicas do encontro. Pastor Everaldo, saiu como entrou, sem despertar grandes interesses.

Eduardo Jorge, como sempre, cativou com suas tiradas bem humoradas, e seu jeito estabanado de falar. Mas se sai melhor no Twitter, onde tem mais seguidores do que deverá ter de votos nas urnas.

Destaque nos últimos debates, a candidata do PSOL, Luciana Genro, não teve o mesmo desempenho desta vez, errando na mão nos confrontos. Atirou para todos os lados, mas com um tom um pouco acima das intervenções nos programas anterior.

E se o debate não teve um vencedor claro, pelo menos a vaga de perdedor coube a Levy Fidelix, que se mostrou nervoso, irritado, destemperado e, instado a se posicionar sobre o debate anterior, quando fez declarações homofóbicas, disse que não iria se retratar. Perdeu o tom nas suas intervenções e nos faz questionar como um candidato tão estreito possa participar de um processo eleitoral tão importante como a escolha do presidente.

Encerrou a sua participação dizendo que não tem esperança de vencer o pleito (graças a Deus), mas que em 2018 voltará. Precisa não candidato. 2014 já bastou. (Folha de PE)