Por João Victor Paiva/ Diário de Pernambuco – Pré-candidata ao cargo de deputada federal, Teresa Leitão (PT) passou a ter o nome envolvido nas negociações em torno da chapa majoritária que vai disputar as eleições deste ano pela Frente Popular. Entrevistada no Manhã da Clube desta quarta-feira (16), a deputada estadual comentou o “redemoinho” – como classifica as mudanças repentinas na pré-campanha.
Em seu quinto mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Teresa tinha como certa a entrada na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília. A consolidação da aliança entre o PT e o PSB, no entanto, movimentaram o tabuleiro eleitoral.
Até o começo de fevereiro, o PT mantinha a pré-candidatura do senador Humberto Costa ao Governo de Pernambuco, numa queda de braço que envolvia disputas em outros estados. Após sinalização mais contundente do PSB, o petista desistiu de colocar o bloco na rua e o PT passou a reivindicar um espaço na chapa majoritária da Frente Popular.
“Optamos por apresentar o nosso pleito ao Senado considerando a necessidade de vincular – como o próprio pré-candidato Danilo Cabral está fazendo – esta chapa a Lula. Este é o palanque de Lula em Pernambuco. Então, o nome do PT para o Senado, a nosso ver, daria mais força a isto. Daria uma simbologia e uma identidade mais forte. Por isso que nós passamos, então, com toda compreensão, com todo o respeito aos demais postulantes, nós passamos a conversar sobre isso. Dentro da frente, apresentamos nosso pleito; o próprio PSB achou que era justo, e ao mesmo tempo conversando com os outros partidos e dentro do PT”, comentou.
Além disso, Teresa reconhece que não é a única a pleitear a vaga no partido: os deputados federais Carlos Veras e Marília Arraes buscam apoio interno para representar a sigla na disputa à Casa Alta. “Dentro do PT nós temos outros nomes a quem eu respeito, de longa trajetória dentro do partido, mas já que meu nome tava rodando aí, o nosso campo achou que poderia também compor”, disse, pregando a unidade do partido apesar da questão.
Indagada sobre a popularidade de Marília Arraes, que aparece como líder na corrida pelo Senado na pesquisa Empetec/Diario de Pernambuco divulgada nesta semana, a deputada reconhece que “Marília é a candidata eleitoralmente mais forte, não apenas dentro do PT, mas fora do PT também”. No entanto, aponta que a viabilidade eleitoral não é o único fator para a validação de uma candidatura.
Quais fatores seriam esses? A resposta veio cifrada numa explicação anterior: “Às vezes o cenário político indica que a candidatura deve ser de fulana, ou de sicrana ou de beltrano… Vamos fazer isso com unidade interna, com maturidade, para poder Lula ter aqui no estado, o que a gente se comprometeu com ele, quando ele veio aqui em agosto passado. Nos comprometemos de que o PT de Pernambuco não seria empecilho para a consolidação da tática eleitoral nacional. Vamos oferecer a Lula um palanque eleitoralmente forte e politicamente confortável.”
Ex-peessebista, Marília deixou a legenda após forte embate com o primo, Eduardo Campos, e desde então é malvista pelas lideranças do partido por causa das fortes críticas feitas durante (e depois) a saída. A disputa violenta entre ela e o filho de Eduardo, João Campos (PSB), na corrida pela Prefeitura do Recife, em 2020, ajudou a piorar a imagem da petista na antiga casa. Por isso, caciques do PSB são enfáticos ao rejeitar sua presença na chapa da Frente Popular. O que Teresa pontua, em outras palavras, é que, apesar de Marília ter boa popularidade, seu nome poderia desgastar a aliança entre os dois partidos, comprometendo o apoio a Lula.