Depois de quase 10 meses reclamando que a Justiça do Acre quebrou suas operações no Brasil, a Telexfree Internacional, sediada no exterior, pediu recuperação judicial nos Estados Unidos. A empresa solicitou a medida espontaneamente no tribunal de Nevada, com base na Lei de Falênciasamericana, um mês após anunciar mudanças profundas no pagamento aos investidores. A principal delas foi a exigir que os chamados “divulgadores” garantissem pagamentos de mensalidades pelos pacotes de ligações telefônicas pela internet anunciados pela empresa. Antes, para lucrar com a Telexfree, não era preciso sequer vender nada, muito se pagar mensalidade.
Segundo informou no processo dos EUA, a Telexfree Internacional movimentou, de 2012 a 2013, US$ 1 bilhão, mais de R$ 2,21 bilhões, após atrair 700 mil pessoas.
A Ympactus, a Telexfree do Brasil, funcionou de janeiro de 2012 a junho passado e atraiu 1 milhão de pessoas, apesar dos alertas das autoridades. Ela se dizia uma licenciada para uso da marca Telexfree, americana, embora ambas fossem dos mesmos sócios. A Ympactus parou em junho passado, acusada de ser uma pirâmide, crime contra a economia popular. Cada divulgador só precisava investir a partir de R$ 600 e esperar retornos de até 300%. Quem trouxesse mais pessoas para o negócio teria lucro maior.
Bloqueada com R$ 659 milhões nas contas, a Ympactus passou a questionar publicamente a Justiça, apoiada até por carreatas e manifestações de investidores. Alegando querer devolver R$ 230 milhões para os divulgadores, ela pediu recuperação judicial no Espírito Santo, medida negada. Na prática, a recuperação liberaria R$ 29 milhões para a sede nos EUA e R$ 15 milhões para advogados.
Com a completa imobilização no Brasil, Carlos Costa, sócio e porta-voz da Ympactus e da Telexfree, em vídeos em português, passou a divulgar a sede americana supostamente como opção de investimento para estrangeiros. Na prática, voltou a atrair pela internet milhares de brasileiros para um negócio nos mesmos moldes do Brasil.
Até que, mês passado, já investigada no exterior, a base americana mudou as regras de remuneração. À Justiça americana, ela agora alega que, após a mudança, privilegiou certos pagamentos, o que criou um “dreno” de recursos. Além disso, a movimentação bilionária teria colocado uma grande pressão nos sistemas financeiros da Telexfree Internacional.
Continua…
Ontem, em um vídeo nas redes sociais, Carlos Costa falou sobre o pedido de recuperação, mas com outros argumentos.
Ele diz que mesmo nos EUA a empresa sofreu “diversas perseguições” e precisa passar por uma “reestruturação”. Apesar da cifra de R$ 2,21 bilhões do exterior, afirma, um dos problemas seria o dinheiro devido pela Ympactus – R$ 29 milhões.
“E por que entramos na recuperação judicial? É necessária uma reestruturação de nosso negócio porque ao longo do tempo muitos ajustes – muitas mudanças, ok? – foram necessárias na intenção de atendermos rigorosamente à legislação brasileira em primeiro lugar e diversos outros países que estavam também comentando que a empresa poderia ser algo ilegal”, tentou justificar Costa.
Para ele, os divulgadores devem acreditar e seguir o que a empresa disser. Segundo especialistas, os investidores terão dificuldades para reaver o dinheiro, pois precisam constituir advogados no exterior e, caso a recuperação seja aceita, as cobranças serão suspensas.
“Como sempre falo a vocês, Deus está na frente de tudo. Não sei o propósito disso tudo. Deus sabe e eu confio em Deus. E o que sempre deu certo no nosso negócio, sabe o que foi? Nossa união. Vamos chamar de união tripla: a nossa união de empresa e divulgadores com Deus, que sempre esteve à frente de nosso negócio”, pregou Carlos Costa. (Jornal do Commercio – reprodução)