Servidores sofrem com tratamentos interrompidos, falta de remédios e dificuldade para conseguir consultas no Sassepe

Do G1 Servidores públicos de Pernambuco têm tido dificuldade para obter tratamentos, remédios e consultas médicas por meio do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores de Pernambuco (Sassepe), plano gerenciado pelo governo do estado. Segundo eles, há dois anos, clínicas e profissionais têm sido descredenciados.

A situação é a mesma de outubro de 2023, quando o problema já deixava em desespero os pacientes. Uma das pessoas afetadas é a aposentada Josefa Siqueira Alves, que usa o Sassepe há 45 anos. Ela contou que, há dois anos, tem dificuldades para marcar consultas e exames de rotina, além de terapias para fortalecer músculos e ossos afetados por cirurgias malsucedidas.

“De 2022 para cá, eles inventaram a história de um site que a gente tem que entrar. Começa à 0h. Eu fico muitas noites sem dormir, tentando. Faz quatro meses. Tenho colegas que faz seis meses. Tento marcar um urologista para o meu marido, que se operou, e não consigo. Eu desisti, com meus problemas que tenho, e fui [para consulta] particular. Ninguém consegue”, afirmou a aposentada.

O Sassepe desconta R$ 1,8 mil da aposentadoria de Josefa todos os meses, para pagar o plano dela e do marido, Aluísio, que tem 70 anos e há 12 anos foi diagnosticado com Parkinson, uma doença neurológica que afeta os movimentos.

O tratamento de Aluísio era feito diariamente no Centro Especializado de Terapia de Olinda (Cetol), perto de onde o casal mora, mas, desde setembro de 2023, eles não conseguem mais atendimento no local. O quadro de saúde do idoso tem piorado, com problemas para articular a fala.

“Ele está quase sem falar, se engasgando, porque ele precisa de três sessões de fono, de fisioterapia, várias coisas, e ele não está fazendo nada”, declarou.

Em novembro de 2023, a governadora Raquel Lyra (PSDB) enviou um projeto de lei para reestruturar o Sassepe e pagar pendências de 2022. De lá para cá, os servidores assistidos pelo plano não sentiram melhoras no serviço.

Laudelice, de 78 anos, é uma servidora aposentada e depende do Sassepe para tratar uma doença pulmonar grave, que não tem cura. Ela, que recebe um salário mínimo de aposentadoria, usa cilindros de oxigênio a todo tempo e, há dois anos, não consegue os medicamentos necessários.

A filha, Danielle, auxilia nos cuidados, e conta que a família precisa desembolsar R$ 1 mil todo mês para comprar os remédios. A família disse que, em fevereiro, a empresa conveniada ao Sassepe para fazer fisioterapia na casa de Laudelice suspendeu os atendimentos por falta de pagamentos do governo.

“Lá, na farmácia do próprio hospital, eles forneciam os medicamentos. Só as bombinhas e também tinha o acetilcisteína, mas, há mais de dois anos, não temos acesso. […] Ela vai tendo mais crises de exacerbações, que é o que chamam na área médica, que é falta de ar. Mesmo ela plugada no oxigênio, ela cansa”, afirmou Danielle.

Resposta

Sobre os problemas, o Instituto de Atenção à Saúde e Bem-estar dos Servidores do Estado de Pernambuco (Iassepe), que gerencia o plano, informou que publicou, no dia 15 de março, chamamento público para novos credenciados, e afirmou que o credenciamento está em processo de cadastramento.

Disse, também, que vem realizando diversas ações para reestruturar o Sassepe, incluindo posse de novos gestores para as agências regionais, e novo processo de seleção com 42 vagas para médicos. Afirmou que está construindo a contratação da telemedicina, “para aumentar a assistência aos nossos servidores beneficiários, principalmente no interior do estado”.

Sobre a dificuldade de marcar consultas, o Iassepe disse que alguns contratos foram cancelados porque foi lançado um novo edital, e que os prestadores precisam aderir ao novo edital e enviar documentação. O instituto disse que tem a especialidade de urologista no Hospital dos Servidores, na Zona Norte, onde consultas podem ser agendadas pelo telefone e site.

“Qualquer dificuldade, os beneficiários podem utilizar nosso canal de ouvidoria”, informou.

O telefone da ouvidoria é o 0800.232.4444, e o e-mail, [email protected]. O atendimento funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h.