Por Magno Martins – A passagem de Luiz Inácio Lula da Silva por três capitais do Nordeste, entre a última quinta-feira e ontem, evidenciou como a segurança se tornou um tema tratado com cuidado pela pré-campanha do ex-presidente. O esquema conta com ruas fechadas, carro blindado e revista com detector de metais ao público presente aos atos. As informações são do colunista Carlos Madeiro, do UOL.
No giro pela região, os horários de voos, trajeto e locais de hospedagem foram mantidos em sigilo pela equipe, que não informava qualquer detalhe sequer a jornalistas.
Segundo apurou a coluna, a polarização cada vez mais aguçada, os protestos de bolsonaristas por onde o petista passa e o episódio envolvendo o drone que jogou veneno em apoiadores de Uberlândia (MG), no dia anterior à chegada em Natal, deixaram todos em um nível de alerta ainda maior.
O UOL teve acesso a alguns bastidores da visita dele a Maceió, onde o ex-presidente e a equipe dormiram por duas noites (quinta e sexta).
Para evitar troca de local de hospedagem, aliás, Lula optou por dormir apenas na capital alagoana, no meio do trajeto, onde ficou em um resort isolado na praia de Jatiúca.
Ao todo, na capital alagoana, o esquema de segurança contou com 70 policiais militares e 20 guarnições. O efetivo foi acionado para a escolta da comitiva, a segurança do entorno do hotel e o evento no Centro de Convenções.
Por ser ex-presidente, Lula conta com segurança institucional. Ele é constantemente acompanhado por militares.
O esquema de segurança pôde ser visto a quase um quilômetro do local do evento. O trânsito foi fechado nas ruas do entorno, e apenas a pé era possível chegar ao vigiado Centro de Convenções de Maceió.
Na saída do Centro de Convenções, a reportagem contou ao menos dez viaturas, três delas da tropa especial, que faziam a segurança em diversos pontos no entorno do local, no bairro de Jaraguá. A situação foi a mesma em Aracaju e Natal.
Episódio alertou equipe
Em Maceió, um episódio deixou a equipe ainda mais em alerta: um vídeo feito pelo deputado estadual Cabo Bebeto (PL) informava horário e trajeto do ex-presidente. O caso revoltou petistas, que trataram o vídeo do deputado como um risco ao ex-presidente.
“Ele teve informações privilegiadas, deu todo o roteiro para que os cães de guarda do Bolsonaro possam inclusive planejar um ataque. A nossa militância tem de ter muita prudência, coragem e fazer a defesa do nosso presidente Lula”, disse o deputado federal Paulão (PT-AL), em áudio que circulou na última sexta-feira.
Segundo apurou o UOL, porém, os detalhes passados pelo deputado estavam, em boa parte, errados. “Isso não foi vazado porque não estava certo, foi chute”, disse uma fonte do governo estadual, citando que não haverá investigação de vazamento indevido de informações. Apesar do fato, Lula circulou por Alagoas sem problemas. Apenas houve um pequeno grupo de bolsonaristas que se concentrou ao lado do Centro de Convenções para protestar contra a visita, sem relato de incidentes.
Segurança no local
Na entrada do Centro de Convenções, seguranças particulares faziam revista com detectores de metal, o que também ocorreu em Natal e Aracaju. Em caso de o aparelho indicar algo suspeito, o material suspeito passava por revista.
O roteiro é diferente, por exemplo, da última visita de Lula a Maceió, durante uma caravana pelo Nordeste, em 2017, pouco antes de ser preso e passar 580 dias na sede da PF (Polícia Federal) em Curitiba.
No hotel onde se hospedou desta vez, Lula fez as refeições apenas no quarto, ao lado da esposa Janja. Segundo funcionários, ele não circulou pelo hall, nem pelo restaurante, evitando contato com outros hóspedes. O deslocamento do ex-presidente em Maceió só ocorreu do aeroporto para o hotel e, depois, para ida e volta ao Centro de Convenções. Os percursos ocorreram em um veículo Trail Blazer blindado, sempre escoltado por seguranças e policiais.
Lula chegou ao Centro de Convenções pelo portão dos fundos e, ao contrário do que fazia muitas vezes, não teve contato corpo a corpo com o público: falou apenas do palco, sem abraços ou selfies.
A situação se repetiu nas demais cidades onde houve eventos abertos ao público, em Natal e Aracaju. Em Maceió e Natal ele chegou a ter contato com apoiadores, mas em eventos restritos a convidados: na capital potiguar foi a uma feira da reforma agrária com governadores e, na alagoana, reuniu-se no hotel com integrantes da cultura.