Vários distribuidores de oxigênio medicinal em Pernambuco elaboraram uma carta aberta, hoje, sobre a possibilidade de desabastecimento na rede hospitalar pública e privada do Estado. No documento, o grupo chama a atenção dos governos federal e estadual, das prefeituras, de parlamentares e da própria sociedade para o que descrevem como “risco acentuado de crise no abastecimento” de oxigênio às unidades de saúde.
Os signatários levam em conta “o aumento exacerbado de atendimentos, internamentos em leitos de enfermaria e UTI dos hospitais”, a “ocupação dos leitos de UTI acima de 90% nos últimos três meses” e apontam um “aumento progressivo” na demanda por oxigênio medicinal em Pernambuco. Além disso, falam sobre a “necessidade urgente de se reduzir a disseminação do vírus”
O grupo pede, ainda, que haja a “implantação de medidas imediatas de prevenção, remanejamento de Emendas parlamentares” para ações da Covid-19 e “intervenção” entre os fabricantes para regularizar o fornecimento de oxigênio medicinal, reduzindo o gás para fins industriais. A carta também apela à população para que siga as medidas preventivas de combate ao novo coronavírus, como uso de máscara, manter o distanciamento físico, evitando aglomerações, e se preservar em casa.
Ao todo, 19 empresas pernambucanas de distribuição de oxigênio subscrevem a carta, também assinada pelo advogado Flávio Fernando Gomes Dutra. O alerta coincide com o relato de municípios do interior pernambucano nos últimos dias sobre a dificuldade de abastecimento de oxigênio para atender pacientes com Covid-19, ressaltando a dificuldade logística, que inclui a falta de caminhões para transportar os cilindros.
Governo do Estado fala em “alerta máximo” no Agreste
Durante a coletiva realizada ontem pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19 instituído pelo Governo de Pernambuco, o secretário estadual de Saúde, André Longo, foi questionado sobre o assunto. Na ocasião, ele anunciou a distribuição de 149 concentradores de oxigênio, que serão destinados a 44 cidades. Entre elas, 29 estão no Agreste. Há registros de pacientes transferidos em João Alfredo e Lajedo devido à crise.
De acordo com Longo, “o número de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e de solicitações por leitos voltou a subir de forma muito preocupante em Pernambuco” na última semana. O gestor falou que a situação requer uma “condição de alerta máximo no Agreste”.
“O Agreste vive hoje seu pior momento em toda a pandemia. Uma situação de extrema gravidade. Nenhum sistema de saúde consegue suportar uma velocidade de crescimento de demandas como nós tivemos na região nesta última semana. A saturação da rede de saúde por lá já está refletindo nas outras macrorregiões do Estado, gerando uma fila crescente por leitos”, declarou.
Deputado diz que vai encaminhar ofício ao Ministério da Saúde
Em audiência pública, hoje, o deputado federal Carlos Veras (PT-PE), que preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirmou que encaminhará um ofício ao Ministério da Saúde, pedindo cilindros de oxigênio. “Hoje de manhã, recebi contato do prefeito de Pesqueira, Sebastião Leite, em desespero pela falta de oxigênio”, relatou.