Ao afirmar, ontem, que a suspensão do seu mandato por 12 meses foi pior do que a expulsão do PSB, o deputado Felipe Carreras tem razão. Expurgado, ficaria livre para se abrigar em outra legenda e disputar a Prefeitura do Recife, projeto para calçar a sua trajetória política. Ficar sem ter o direito de representar o partido em comissões, CPIs, conselhos e ser sugerido para relatar matérias de envergadura no Congresso é uma cassação branca.
Tolheram o seu mandato, colocaram algemas para não voar, o amordaçaram. Virou o patinho feio do universo socialista. Para se libertar de tudo isso, o imbróglio é gigantesco. Alegar perseguição para continuar filiado a um partido é um recurso que muitos usam na justiça para mudar de lado.
A suspensão do mandato, no entanto, não dá esse respaldo jurídico para debandar. Ele terá que continuar desobedecendo o partido em outras instâncias e votações de vida e morte para o PSB, até ser expulso como reincidente.
Na sua fala, ontem, ao Frente a Frente, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o sentimento majoritário no partido no julgamento dos infiéis era pela expulsão de todos os dez parlamentares, tendência não confirmada porque, com exceção de Átila Lira (PI), os demais são deputados de primeiro mandato e não tinham histórico de rebeldia ou traição à legenda.
Siqueira jogou pesado também em relação ao deputado expulso Átila Lira, do Piaui. Negou que se tratasse de um histórico da legenda. “Ele nunca teve tradição no socialismo e se inclui entre os matriculados no partido e não filiados”, ironizou. Quanto à votação da reforma tributária, próxima novela mexicana na Câmara, disse que o partido não fecha questão. (Magno Martins)