Pioneiro na luta pelos direitos civis, John Lewis morre aos 80 anos nos EUA

G1

John Lewis, um dos pioneiros do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos e um dos últimos ativistas negros da época de Martin Luther King, morreu aos 80 anos ontem (17). O congressista de Atlanta, que enfrentava um câncer no pâncreas, tinha se afastado dos deveres legislativos nos últimos meses para se concentrar no tratamento.

Porém, Lewis continuou a luta pelos direitos civis até o fim de sua vida. Ele fez sua última aparição pública no início de junho, quando participou de um ato perto da Casa Branca, em Washington, em meio aos protestos antirracistas motivados pela morte de George Floyd, um afro-americano sufocado por um policial branco em Minneapolis.

Usando uma bengala, ele caminhou com o prefeito Muriel Bowser, em Washington, DC, em uma rua da Casa Branca que Bowser havia acabado de renomear Black Lives Matter Plaza, que tinha acabado de ser decorada com um grande mural amarelo onde foi escrito “Black Lives Matter” (Vidas negras importam).

Lewis confrontou o presidente dos EUA, Donald Trump, boicotando sua posse e ressaltando a interferência russa nas eleições de 2016 para questionar sua legitimidade.

O anúncio da morte de Lewis foi feito pela presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, início da madrugada deste sábado (18).Trajetória

Lewis nasceu em Troy, no Alabama, em 1940. Era o quarto de dez irmãos de uma família de camponeses e cresceu em uma comunidade totalmente negra, onde rapidamente sentiu a segregação pela cor da pele.

Tinha apenas 21 anos quando se tornou um dos fundadores dos “Passageiros da Liberdade”, que lutaram contra a segregação racial no sistema de transporte público americano no início dos anos 1960.

Lewis foi o líder mais jovem da manifestação de 1963 em Washington, na qual Luther King proferiu seu histórico discurso “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”).

Dois anos depois, quase morreu em uma manifestação antirracista pacífica em Selma, Alabama, quando teve um crânio fraturado pela polícia.

Aquele dia ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e, exatamente meio século depois, caminhou de mãos dadas com Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, até o local do protesto emblemático.

Lewis entrou no Congresso em 1986 e logo se tornou uma das vozes mais poderosas da defesa da justiça e da igualdade.