O governador Paulo Câmara oficializou ontem o seu segundo escalão, nele confirmou o espaço do Solidariedade liderado pelo deputado federal Augusto Coutinho, e garantiu o Porto do Recife ao deputado federal Eduardo da Fonte, com a indicação do ex-presidente de Suape, Carlos Vilar. O governador ainda reforçou os espaços do MDB, do PCdoB e do PT, que já tinham sido beneficiados no primeiro escalão. Alguns órgãos, como DETRAN, Suape e Empetur, são mais relevantes que muitas secretarias e dão condição de trabalho e abrigo de equipe aos políticos que indicam nomes para estes espaços.
Chamou a atenção, no frigir dos ovos, a diminuição abrupta do espaço de Eduardo da Fonte, que perdeu Suape, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Econômico, ficando com o Porto do Recife, Fernando de Noronha, Ipem e a secretaria de Drogas, que juntos não representam o tamanho de Suape. Mas ele está longe de ser o maior prejudicado no processo de formação do secretariado. O deputado federal Sebastião Oliveira, que comandou com mãos de ferro a poderosa secretaria dos Transportes, incluindo o DER, teve seu espaço no governo reduzido a pó, mesmo tendo sido um aliado disciplinado do governador. É indiscutível que pesou a perda do comando do PR, recentemente, mas esperava-se que Sebastião pudesse manter algum tipo de espaço devido a sua votação, fato que não ocorreu.
Kaio Maniçoba, por sua vez, que chegou a ocupar a secretaria de Habitação no primeiro governo Paulo Câmara, e ficou na primeira suplência da sua coligação, foi totalmente atropelado pelo governo. Bastava a convocação de um dos quatro federais eleitos, Eduardo da Fonte, Fernando Monteiro, Augusto Coutinho ou Sebastião Oliveira, e ainda havia a hipótese de o próprio Kaio ocupar alguma secretaria, fato que não se confirmou. Filho de uma socialista histórica, Rorró Maniçoba, Kaio poderia ter recebido uma maior atenção do governo, que terminou convocando Rodrigo Novaes para a sua equipe, emitindo um recado que realmente queria atrapalhar a vida de Kaio.
Porém, a pior situação de todos os aliados de Paulo Câmara foi sem dúvidas André de Paula. Comandante da secretaria das Cidades, do DETRAN e do Grande Recife, André viu seu espaço ser reduzido a pó no segundo governo, pior do que isso, viu o governo dar musculatura a um deputado estadual do seu partido que inexoravelmente será candidato a deputado federal em 2022 com a entrega da secretaria de Turismo. No fim das contas, André de Paula, Sebastião Oliveira, Kaio Maniçoba e Eduardo da Fonte foram reduzidos pelo governo, resta saber se para 2020 e 2022 eles continuarão abrigados no guarda-chuva da Frente Popular. (Edmar Lyra)