Por Adriano Oliveira*/Blog do Magno – Na eleição de 2018, o candidato Fernando Haddad (PT) obteve no 1° turno da eleição presidencial 51% dos votos válidos no Nordeste. Já o competidor Jair Bolsonaro (PL) conquistou 26%. No 2° turno, o Partido dos Trabalhadores venceu Jair Bolsonaro novamente naquela região: 69,7% versus 30,3%. Desde 2002, os presidenciáveis do PT têm conquistado a maioria dos votos dos nordestinos.
Em 2002, Lula, candidato do PT, obteve 61,5% dos votos válidos contra 38,5% do candidato do PSDB, José Serra. Em 2006, Lula é reeleito com 77,1%; Geraldo Alckmin (PSDB) conquista 22,9% dos votos válidos de lá A candidata Dilma Rousseff (PT), em 2010, obtém 70,6% dos votos válidos contra 29,4% de José Serra (PSDB). Em 2014, Dilma é reeleita com 71,7% de votos válidos no Nordeste. Aécio Neves (PSDB), seu oponente, alcançou 28,3%.
Na eleição de 2018, nenhum candidato ao governo do Estado atrelado ao candidato Jair Bolsonaro venceu a eleição. No 1° turno da disputa, os governadores eleitos foram: Renan Filho (MDB-AL), Rui Costa (PT-BA), Flávio Dino (PCdoB-MA), João Azevedo (PSB-PB), Wellington Dias (PT-PI), Paulo Câmara (PSB-PE), Camilo Santana (PT-CE). No 2° turno, os eleitos foram Fátima Bezerra (PT-RN) e Belivaldo Chagas (PSD-SE).
O PT, na disputa eleitoral de 2018, conquistou 21 vagas de deputado federal no Nordeste. O PSL, então partido do presidente Jair Bolsonaro, 5. Considerando o todo do Brasil, o PT elegeu 56 deputados federais. E o PSL, 52. No ano de 2014, o PSL tinha 1 deputado federal. Aumento expressivo da sua bancada. E o óbvio: Jair Bolsonaro contribuiu fortemente para o crescimento da representação congressista do PSL na Câmara Federal. Mas tal feito deveu-se às regiões Sudeste e Sul e não ao Nordeste.
Considerando, especificamente, a eleição de 2018, constato o entrelaçamento da disputa nacional com a estadual. Isto é: o lulismo contribuiu para o sucesso eleitoral de vários candidatos aos governos estaduais. Portanto, a nacionalização da disputa estadual guiou a escolha do eleitor. E como desde 2012 o lulismo é forte na região Nordeste, ele é a principal variável que decifra fortemente a escolha do votante.
Se o PT, em 2018, elegeu, no Nordeste, 21 deputados federais, e nesta região, o lulismo, desde 2002, tem forte capital eleitoral, o desempenho dos candidatos do PT para a Câmara Federal é também explicado, em parte, pelo robusto desempenho de Fernando Haddad na disputa presidencial. E foi o lulismo que impulsionou o então candidato do PT.
Portanto, indago: vale a pena apoiar Jair Bolsonaro no Nordeste? As pesquisas qualitativas e quantitativas realizadas até o instante sugerem que o lulismo deve repetir as performances eleitorais anteriores. Isto sugere o seguinte cenário/previsão: vários candidatos aos governos Estaduais e à Câmara Federal atrelados ao presidente Jair Bolsonaro não conseguirão superar eleitoralmente os candidatos aliados do lulismo ou neutros.
*Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Professor do Departamento de Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Sócio da Cenário Inteligência