Por Houldine Nascimento –Blog Magno Martins – A partir de amanhã (3), deputados podem trocar de legenda sem perder o mandato. O período conhecido como “janela partidária” segue até o dia 1º de abril. Esta será a primeira eleição proporcional nos níveis estadual e federal sem as coligações, pondo em xeque a reeleição de vários parlamentares. Isso provoca movimentações pela sobrevivência política.
Em Pernambuco, algumas mudanças estão acertadas. Na Assembleia Legislativa, pelo menos três nomes farão travessia de uma legenda a outra: João Paulo deixa o PCdoB e retorna ao PT, enquanto Alessandra Vieira sai do PSDB e ruma para o União Brasil (UB). Quadro histórico do extinto DEM, a deputada Priscila Krause anunciou sua saída depois do acerto nacional para a fusão com o PSL, formando o recente UB. Não se sabe, porém, se a parlamentar vai para o PSDB ou o Cidadania.
Na visão da cientista política e professora universitária Priscila Lapa, estes casos são “tentativas de salvação perante mudanças no contexto”. “João Paulo nunca deixou o PT porque mudou de perspectiva político-ideológica, mas por falta de espaço. O PT diminuiu no estado de Pernambuco nos últimos tempos e ficou com pouco espaço para esses políticos tradicionais manterem seu poderio. Então ele fez essa movimentação de ir para outro partido e agora faz o caminho de volta justamente na tentativa de manter os seus redutos”, explica.
Sobre a situação de Priscila Krause, há outros componentes. “Ela sempre foi uma liderança política muito consolidada. Porém, essa mudança nacional do partido (DEM), que passa a compor uma agremiação maior (UB), atrai outras lideranças que não têm a mesma história em Pernambuco que Priscila. Isso abre caminho para outros atores políticos. Ela é um exemplo claro de que ficar no lugar onde está pode ser decisivo para perder o mandato”, avalia Lapa, que adiciona a afinidade entre a parlamentar e a prefeita de Caruaru e pré-candidata ao Governo, Raquel Lyra (PSDB), como motivo para a mudança.
Outras alterações devem ocorrer na Alepe. No Progressistas, três deputados podem sair: Romero Albuquerque mira o União Brasil, Joel da Harpa abriu a possibilidade de seguir para o PL e o presidente da Alepe, Eriberto Medeiros, está disposto a deixar a sigla para tentar uma vaga na Câmara Federal pelo PSB.
Efeitos na Câmara – A dança das cadeiras partidária não se resume aos estaduais. Ainda no PDT, o deputado federal Túlio Gadêlha promoveu a passagem de diversos aliados para a Rede Sustentabilidade, que ele deve comandar em Pernambuco. Hoje, o partido fundado pela ex-ministra Marina Silva vive a expectativa de aderir a uma federação com o PSOL. Outras defecções podem ocorrer, caso de Raul Henry, já que pode abandonar a presidência do MDB pela dificuldade de formar chapas e buscar a renovação do mandato no PSB.
Efeitos na majoritária – Ainda de acordo com Priscila Lapa, a janela também impacta a disputa majoritária. “Considerando a variável do fim das coligações, a janela partidária pode trazer alguns efeitos específicos sobre redutos eleitorais e algumas composições. O principal efeito até agora ocorreu a partir da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, que impactou a formação de chapa entre Raquel Lyra e Anderson Ferreira. Agora, é um efeito de médio prazo. A janela acontece seis meses antes do pleito para reduzir o imediatismo”, comenta.
Lista segue – Outros nomes vão aproveitar a janela partidária para tentar a sorte nas eleições. O ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe Edson Vieira deixa o PSDB e vai para o Podemos disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. Bolsonarista, o vereador do Recife Junior Tércio deve sair do Podemos – alinhado ao ex-juiz Sergio Moro – e migrar para o PL. O deputado federal Pastor Eurico é presidente do nanico Patriotas em Pernambuco e pode ter o mesmo destino.