Miguel Arraes foi presidente nacional do PSB, mas não consta que tenha havido na sua gestão qualquer tipo de punição a companheiros que eventualmente tenham divergido dele ou de alguma diretriz partidária. Lembre-se que quando chegou ao seu conhecimento em 1999 que diversos prefeitos do PSB iriam se aliar ao então governador eleito, Jarbas Vasconcelos, reagiu com serenidade. “Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém.
Quem quiser sair do partido, saia!”. E deu o assunto por encerrado. Resultado: dos cerca de 80 prefeitos que o PSB elegera em 1996, apenas 13 ficaram no partido. E nem por isso Eduardo Campos deixou de ser governador duas vezes e Paulo Câmara igualmente duas, em decorrência da força do padrinho político. Aliás, data dessa mesma época outra célebre observação do ex-governador. “Quando o conteúdo não se ajusta à forma, arrebenta-se a forma e reafirma-se o conteúdo”.
Foi o que fizeram na votação da reforma previdenciária 11 dos 32 deputados federais do PSB, entre eles o pernambucano Felipe Carreras. Eles tinham o direito de concordar com o “conteúdo” e de mandar a “forma” (fechamento de questão contra a matéria) para o espaço, por isso estão ameaçados de expulsão pelo diretório nacional. Os dirigentes do PSB talvez nem lembrem que Arraes apoiou Lula para presidente em 1989, no primeiro turno, apesar de o candidato do PMDB, do qual era 2º vice-presidente nacional, ser Ulysses Guimarães. (Inaldo Sampaio)