Opinião: A estratégia de Raquel

Por Houldine Nascimento –  Blog Magno MartinsA prefeita de Caruaru e presidente estadual do PSDB, Raquel Lyra, destoa dos demais pré-candidatos ao Governo de Pernambuco por adotar silêncio sobre o assunto. Nas redes sociais, os nomes cotados fazem questão de serem lembrados na disputa para o Palácio do Campo das Princesas.
Raquel, no entanto, se mantém com muita discrição sobre o tema. Não se preocupa em responder a desafetos, a exemplo do deputado federal Wolney Queiroz (PDT), que teceu críticas por sua iminente renúncia à Prefeitura. A tucana também não reage a afagos públicos de aliados, como o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania).
“Com Raquel Lyra, a mulher que vai mudar Pernambuco”, publicou Daniel dias atrás. O parlamentar também repercutiu a pesquisa do Instituto Opinião sobre a corrida eleitoral ao Governo do Estado, feita com exclusividade para este Blog. Os números divulgados na última quarta-feira (23) mostraram a tucana liderando as intenções de voto no cenário mais provável, sem o PT.
Coube à militância – e aos políticos que a cercam – falar a respeito. Essa estratégia tem razão de ser: Raquel quer evitar ao máximo o desgaste. Por estar bem colocada, não deseja virar alvo antes do tempo.
Raquel Lyra segue um caminho diferente dos governistas, que anteciparam a pré-candidatura de Danilo Cabral (PSB). Na oposição, também difere de Miguel Coelho (União Brasil): já em 2021, o gestor petrolinense fazia costuras para seu projeto estadual.
Enquanto isso, a tucana vai anunciando novos filiados ao PSDB, que se convertem em nomes para a chapa proporcional. De acordo com uma fonte próxima à Raquel, a tendência é de que ela defina a candidatura em março. Até lá, vai sem pressa.
Principal ameaça – Por partir com um percentual acima de 18%, Raquel Lyra se configura, pelo menos por ora, na principal ameaça à permanência do PSB, há 16 anos no poder. Ela também é um nome que dificulta a estratégia da situação em nacionalizar a campanha. A tucana não tem qualquer proximidade com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e, portanto, não poderia ser classificada como da “turma” dele. Além disso, a pré-candidatura de João Doria (PSDB) à Presidência deve ficar pelo caminho devido aos percentuais baixos nas pesquisas e a alta rejeição. Assim, Raquel ficaria livre em relação à disputa nacional.
No Senado? – Com a filiação de Bolsonaro ao PL e a obrigação que o pré-candidato da sigla ao Governo de Pernambuco, Anderson Ferreira, tem de abrigar o presidente em seu palanque, Raquel não contará mais com a possibilidade de ver o prefeito de Jaboatão dos Guararapes como o senador de sua chapa. Assim, o ex-ministro e ex-senador Armando Monteiro Neto (PSDB) pode concorrer novamente à Casa Alta. Ele também apareceu à frente na pesquisa do Opinião para o Senado no cenário mais provável, sem a presença de Marília Arraes (PT).