Apenas 11% do orçamento previsto pelo Ministério da Educação, neste ano, para a capacitação e formação inicial e continuada dos professores foi executado até agosto. A baixa execução dessa ação demonstra a falta de investimentos do governo federal no ensino básico tanto para ajudar estados e municípios a enfrentarem a suspensão e retomada gradual das aulas presenciais.
“Há uma inércia do MEC para ações voltadas para a minimização dos efeitos da pandemia na educação. Estados e municípios encontraram soluções isoladamente sem nenhuma articulação ou participação do governo federal”, afirma o deputado federal Danilo Cabral (PSB). O levantamento foi realizado pelo gabinete do parlamentar com base nos dados da Comissão Mista de Orçamento.
O orçamento previsto do MEC para a formação dos professores é de R$ 130 milhões, dos quais apenas R$ 14 milhões foram executados. No Brasil, de acordo com dados do Todos pela Educação, apesar de a grande maioria dos professores (76%) terem recentemente buscado formas para desenvolver ou aprimorar seus conhecimentos sobre o uso das tecnologias para auxiliar nas aulas, apenas 42% indica ter cursado alguma disciplina sobre o uso de tecnologias durante a graduação, e somente 22% participaram de algum curso de formação continuada sobre o uso de computadores e internet nas atividades de ensino. Consequentemente, 67% dos docentes alegam ter necessidade de aperfeiçoamento profissional para o uso pedagógico das tecnologias educacionais.
As aulas presenciais foram suspensas em março e, desde então, foi preciso criar alternativas para cumprir o conteúdo previsto para o ano letivo. As redes estaduais, segundo relatório do Todos pela Educação, são as que mais avançaram no sentido de transferir aulas e outras atividades pedagógicas para formatos a distância.
Pesquisa divulgada hoje (9) pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação com Itaú Social e Fundo das Nações Unidas (Unicef) mostra que quase todas as redes municipais de ensino (96%) afirmaram adotar algum tipo de atividade remota durante a suspensão das aulas presenciais. Quase todas as redes que responderam à pesquisa afirmaram que combinam estratégias online e offline para as aulas remotas. Na pesquisa anterior, feita em maio, 40% das redes afirmaram estar sem atividades remotas.
“Muito do que foi realizado através do ensino remoto foi graças ao voluntarismo dos nossos professores. Eles se reinventaram nesta pandemia e, em alguns casos, sem nenhuma assistência”, comentou Danilo Cabral. O deputado destaca que os recursos do MEC poderiam ter sido usados para capacitação e para ajudar os docentes a enfrentarem esse período. Ele diz ainda ser necessário preparar a rede de ensino básico para um modelo híbrido, que combine aulas remotas e presenciais. “É preciso investimento e há recursos disponíveis para isso”, finaliza.
Foto: Chico Ferreira
Da Assessoria de Comunicação