FolhaPress
O MBL (Movimento Brasil Livre) e o VPR (Vem Pra Rua) marcaram para 12 de setembro um protesto nacional pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro. A convocação tem o apoio de políticos da direita não bolsonarista, sobretudo do Novo e PSL. Os atos estão previstos para São Paulo, Brasília, Rio e Belo Horizonte.
Protagonistas no impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, os grupos vinham evitando organizar manifestações em meio à pandemia, mas as acusações de corrupção em compras de vacinas contra a Covid-19 agravaram a crise política e levaram os grupos a ampliar a pressão nas ruas.
De qualquer forma, o calendário de vacinação foi levado em conta para a escolha da data. Em São Paulo, por exemplo, a previsão do governo é de vacinar todos os adultos até 15 de setembro.
Movimentos e partidos de esquerda vêm organizando protestos nacionais pelo impeachment desde maio –foram três edições até agora. Mas MBL e VPR não aderiram às manifestações encabeçadas pela Campanha Nacional Fora Bolsonaro.
Apesar da ampliação do escopo de organizadores e apoiadores dos atos de esquerda, que chegaram a incluir grupos e siglas do centro e da direita, como a ala paulistana do PSDB e movimentos como Agora! e Livres, a avaliação dos movimentos de direita é a de que as manifestações são marcadamente vermelhas, apoiam a candidatura de Lula (PT) em 2022 e, por isso, seria melhor marcharem separadamente.
Parte dos opositores de Bolsonaro, como o diretório do PSDB da capital paulista; o presidente do Cidadania, Roberto Freire; o presidente do PSL-SP, Junior Bozzella; e o Livres apoiam as convocações tanto da esquerda como da direita –estiveram nos atos do último sábado (3) e prometem comparecer no dia 12 de setembro.
O ato da Campanha Nacional Fora Bolsonaro na avenida Paulista, no sábado passado, teve episódios de vandalismo e violência –houve uma briga entre membros do PCO e tucanos. Apesar da opção pela separação em atos de rua, líderes da esquerda e da direita se entenderam para assinarem juntos um superpedido de impeachment, protocolado na Câmara dos Deputados no último dia 30.
A peça é assinada por 46 pessoas, dentre representantes de centrais sindicais, movimentos sociais, deputados da oposição e de centro-direita, senadores de siglas de esquerda, o grupo Prerrogativas, que reúne advogados e juristas brasileiros e personalidades, entre outros.
Os representados no superpedido são PT, PDT, PSB, PCdoB, PSOL, Coalizão Negra por Direitos, UNE (União Brasileira dos Estudantes), MBL e ex-aliados de Bolsonaro, como deputados Alexandre Frota (PSDB-SP) e Joice Hasselmann (sem partido-SP).
Em comunicado à imprensa, o MBL destacou que os atos pelo impeachment serão suprapartidários e que todo o campo democrático é bem-vindo, mas com a ressalva de que a manifestação não deverá servir para exaltar candidaturas presidenciais.
A convocação foi anunciada em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (8), com a presença dos deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP), Junior Bozella (PSL-SP) e André Janones (Avante-MG), dos deputados estaduais Arthur do Val (Patriota-SP) e Heni Ozi Cukier (Novo-SP) e do vereador Rubinho Nunes (PSL-SP).
Em sua fala, Arthur do Val, o youtuber Mamãe Falei, afirmou que eleitores de Bolsonaro arrependidos serão respeitados na manifestação. Bozzella afirmou que o governo Bolsonaro é autoritário e que a população está arrependida de o ter elegido.