Mais uma vitória de dona Lindaura, aos 95 anos…

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A farmacêutica Lindaura Cavalcanti de Arruda, 95 anos, moradora do bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife, trabalha em uma farmácia e dá um exemplo de superação. Determinada, comprovou que as pessoas podem concretizar sonhos e que nunca é tarde para novas realizações. Para vencer a depressão após a perda do marido, Lindaura começou a estudar direito, aos 89 anos, em 2010. A idade avançada não foi obstáculo. Pelo contrário, ela ia e voltava para a faculdade de ônibus. “Gosto muito de olhar o movimento da rua e coisas novas. Por isso, fazia questão de voltar de ônibus”, contou. A parada de ônibus fica em frente à sua residência. Na ida às aulas, dona Lindaura estava sempre acompanhada de sua cuidadora.

Ela frequentou pontualmente as aulas do curso de direito e hoje à noite estará se formando na sua pós-graduação em direito processual, na Faculdade de Ciências Humanas de Pernambuco (FCHPE). Mas dona Lindaura ainda quer mais, pretende agora fazer a prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um curso de informática. Religiosa, pretende aplicar seu conhecimento adquirido em sala de aula na defesa dos pobres. “Discordo de muito coisa da legislação brasileira”, contou.

Natural de João Alfredo, no Agreste, Lindaura aprendeu a ler e escrever aos três anos de idade, estimulada pelo pai farmacêutico. Um ano depois, já era alfabetizada e apaixonada pelos estudos. Quando seus pais foram morar no município de Vicência, no Agreste, ela conseguiu uma vaga bastante disputada na época como aluna interna no Colégio Santa Cristina, em Nazaré da Mata. Dedicada, aprendeu rápido a falar fluentemente a língua francesa. Ao terminar os estudos, ela começou a namorar Mário Cavalcanti de Arruda. Ele era um ano mais velho e para escapar da convocação da Segunda Guerra Mundial casou-se ligeiramente com dona Lindaura, em 1945. Mesmo casados, cada um morou com seus pais.

Depois de ter os cinco filhos no interior do estado, o casal se mudou para o Recife, onde manteve uma farmácia. Em 1977, dona Lindaura prestou vestibular e foi aprovada em farmácia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde se formou. Após o falecimento de seu esposo, em 2004, ela disse ter entrado em depressão. Diante dessa situação, a filha mais nova matriculou a mãe na hidroginástica. Depois no curso de direito. “Eu me renovei na faculdade de direito. Completou a minha vida. Achei uma maravilha, adquiri mais conhecimento”, disse.

Atualmente, ela trabalha à tarde em uma farmácia do bairro de Água Fria. Quando chega em sua casa, gosta de ler, ficar na cadeira de balanço, olhar suas plantas e o movimento da Avenida Beberibe. O segredo para chegar a essa idade com saúde, segundo Lindaura, é sua alimentação. No cardápio prefere peixes a carne, mas confessa que não pode faltar doces no seu lanche. “Nunca tive diabetes e não posso ver um doce que já fico querendo comer”, brincou. (Diário de Pernambuco)