Maia critica atraso na divulgação dos dados da Covid-19: ‘Muito ruim que a gente precise estar pedindo’

G1

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou neste sábado (6) as mudanças feitas pelo Ministério da Saúde na divulgação diária dos dados da pandemia do novo coronavírus.

Nos últimos dias, o boletim passou a sair no fim da noite, com menos informação que antes. O portal oficial do ministério ficou fora do ar e, ao ser restabelecido, também deixou de informar os dados acumulados da pandemia.

Maia participou de uma transmissão em rede social com o músico Tico Santa Cruz. Perguntado se o Congresso poderia fazer algo para reverter as mudanças, o presidente da Câmara disse ter feito um apelo ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira.

“Eu liguei para o ministro Jorge hoje, pedi a ele, fiz um apelo em nome da Câmara que o governo restabelecesse os dados, a transparência. É para nós termos a informação, isso é importante, mas é para que prefeitos e governadores com as informações do Brasil possam tomar suas decisões cada dia”, declarou Maia.

Até o início da semana, os dados nacionais sobre coronavírus eram divulgados no início da noite, a partir dos relatórios dos 26 estados e do Distrito Federal. Nesta sexta, o documento foi divulgado após as 21h30 em uma versão resumida – sem o acumulado de mortes e de contaminados, e sem os índices de infecção e de mortalidade na população.

Ainda sobre o tema, Maia disse que a própria Câmara dos Deputados ou o Tribunal de Contas da União (TCU) podem assumir a função de consolidar os dados – ou seja, emitir um boletim “paralelo”. Mas, segundo o parlamentar, o ideal seria que o próprio governo voltasse à divulgação original

“Eu disse ao ministro Jorge que nós não queremos ter que criar uma estrutura para ter que consolidar informação. Até porque é o seguinte: essas são informações que não são do governo federal, são dos estados. Então, os estados vão divulgar de qualquer jeito, alguém vai consolidar. Vai ser a Câmara, vai ser o TCU? Alguém vai consolidar e vai dar publicidade a isso. Agora é muito ruim que a gente precise estar pedindo, está preocupado com um assunto como esse. É óbvio que a transparência é fundamental”, afirma Maia.

“Eu espero que o governo restabeleça isso no começo da semana para que o TCU ou a Câmara ou qualquer instituição que seja não seja obrigado a ter que consolidar informações. Que são informações estaduais, não são nem informações do governo federal. Então, não tem nem como o governo, mesmo que quisesse, esconder ou atrasar esses dados para a sociedade brasileira”.

Levantamento exclusivo feito pelo G1 com as próprias secretarias estaduais aponta que, até a tarde deste sábado, o Brasil já tinha atingido a casa de 35.456 mortes e 659.114 casos confirmados da Covid-19.

Até as 19h30, o governo ainda não tinha informado os dados consolidados neste sábado – nem os das 24 horas anteriores, nem o acumulado desde o início da pandemia.

A mudança na divulgação dos dados ocorreu depois que o empresário Carlos Wizard passou a “colaborar” com o governo. Ele não foi nomeado para cargo, mas tem participado de debates sobre o novo coronavírus.

Foi de Wizard, por exemplo, a declaração de que haveria uma recontagem do número de mortos pela Covid-19, baseada na suspeita de que os estados estariam “inflando” os números para receber mais dinheiro. A informação foi revelada pelo blog da Bela Megale, do jornal “O Globo”.

Questionado sobre o novo formato do boletim, com dados omitidos, Wizard enviou à TV Globo uma nota que não trata do tema.

“Aceitei o convite para atuar no Ministério da Saúde com o objetivo de proteger a população brasileira e apoiar os profissionais da saúde na nobre missão de salvar vidas. Zelo pela integridade, ética e transparência em todos meus relacionamentos. Meu compromisso é com a verdade, honestidade e solidariedade com a sociedade brasileira”, diz.