Correio Braziiense
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a defender, ontem (30), o sistema eletrônico de votações e rebateu os questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral brasileiro. O magistrado também observou que o comprovante de votação impresso não elimina a possibilidade de fraude apontada pelos defensores da mudança.
“Vamos parar um pouco de conversa fiada. Claro que todos nós somos favoráveis à audibilidade da urna, e ela é auditável”, afirmou o ministro, durante transmissão on-line promovida pelo Consultor Jurídico. “Nós só chegamos ao voto eletrônico pela experiência com problemas no voto manual. Se o problema está na urna eletrônica, por que não voltar ao voto manual como um todo?”, ironizou o decano do STF.
A bandeira do voto impresso é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem dito que não haverá eleição em 2022 caso a mudança no sistema de votação não seja aprovada pelo Congresso.
O evento on-line teve também a participação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que reafirmou ter confiança no sistema eleitoral atual. “Já disputei oito eleições, sendo seis em urna eletrônica. Não temos nenhum fato que diga respeito a fragilidade no sistema ou fraudes”, afirmou o deputado.
Lira voltou a defender a discussão sobre a possível adoção do semipresidencialismo no país e disse que esse modelo de governo resguardaria o presidente de instabilidades políticas. Ele citou como exemplo as dezenas de pedidos de impeachment protocolados nos últimos meses, na Câmara, contra o presidente Bolsonaro.
O deputado declarou ainda que o Centrão ajudaria a governar em um sistema semipresidencialista. “Nós temos problemas que são taxados de governo de coalizão, temos problema de taxação de partidos de Centrão, quando, na realidade, os partidos do centro são os partidos que, em uma ideia mais clara de semipresidencialismo, poderiam ser a base de sustentação”, disse.
Outro ponto defendido por Gilmar Mendes e Arthur Lira é a redução do número de partidos. “Temos muitos partidos que pensam e agem de igual para igual, mas que se comportam em quadros separados. Acredito que a cláusula de barreira vai cumprir o seu papel”, disse Lira.
Mendes disse ainda que a mudança no modelo de governo poderia ser aprovada no Congresso Nacional. “Me parece que essa reforma poderia se fazer de maneira a não termos que lançar mão de plebiscito”, argumentou.