Por Valdo Cruz/Blog Ricardo Antunes — A ala do União Brasil formada por ex-dirigentes do Democratas deve apresentar, ainda ontem (1º), requerimento para impugnar a filiação do ex-juiz Sergio Moro à legenda. A informação é do secretário-geral do União Brasil e pré-candidato ao governo da Bahia ACM Neto – um dos membros do grupo. Segundo o político, a impugnação será assinada por oito dos 17 componentes da executiva com direito a voto.
A filiação de Moro é patrocinada pelo outro lado do União Brasil, formado por políticos ex-PSL e capitaneado pelo deputado federal Luciano Bivar (PE).
Segundo ACM Neto, uma vez impugnada, a filiação de Moro só poderia ser restaurada com o apoio de 60% da executiva do partido. O grupo de Bivar tem nove dos 17 votos, ou 53%
Nesta quinta (31), os oito ex-Democratas na cúpula do União Brasil já tinham emitido nota para se opor às pretensões presidenciais de Sergio Moro. O documento era assinado por ACM Neto, Efraim Filho, Agripino Maia, Ronaldo Caiado, Professora Dorinha, Mendonça Filho, Davi Alcolumbre e Bruno Reis.
Em nota divulgada no fim da tarde, o deputado federal Alexandre Leite (SP) reforçou que o partido deve impugnar a filiação de Moro caso o ex-juiz insista em um “projeto nacional”.
“O União Brasil São Paulo reafirma que a filiação do ex-juiz Sergio Moro se deu com a concordância de um projeto pelo estado de São Paulo, isto é, deputado estadual, deputado federal ou, eventualmente, senado”, diz o comunicado.
Candidatura em risco
A perspectiva de uma desfiliação ao longo dos próximos dias coloca em risco a própria possibilidade de que Sergio Moro se candidate nas eleições de outubro – para a presidência ou qualquer outro cargo.
O calendário fixado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê que só poderão se candidatar neste ano os cidadãos que estiverem filiados até as 23h59 deste sábado (2).
Com isso, se Moro for expulso do União Brasil e não conseguir reverter a decisão, ou se filiar a novo partido dentro desse prazo, pode ficar impedido pela legislação de lançar candidatura.
Nota oficial gerou confusão
Na quinta, durante as negociações para a filiação de Moro ao União Brasil, a ala do Democratas exigiu que o ex-juiz assinasse o compromisso de não se lançar candidato à presidência da República.
Inicialmente, Moro resistiu. Enviou ao União Brasil uma proposta de nota em que dizia se colocar como um “soldado” do partido – mas não abria mão da pré-candidatura.
A nota foi devolvida a Moro com um recado direto: a renúncia às aspirações presidenciais era condição essencial para que a entrada no União Brasil fosse aceita pelo grupo do Democratas.
Moro, então, aceitou e divulgou a nota oficial – a contragosto.
Nesta sexta, após Moro convocar coletiva e dizer que não havia desistido “de nada”, a ala do Democratas voltou a se manifestar e fez críticas públicas a Sergio Moro. O grupo diz que o ex-ministro não é de confiança, e que rasgou compromisso feito no dia anterior.