Em recuperação judicial, Itapemirim anuncia processo para contratar 600 profissionais para nova empresa aérea

G1

O Grupo Itaperimim informou que vai iniciar nesta sexta-feira (9) um processo seletivo para contratação de pessoal para a companhia área que pretende lançar, a Ita. Cerca de 600 profissionais devem ser contratados, entre pilotos, copilotos, técnicos de aeronave e comissários de bordo. A expectativa é que a companhia comece a operar em março de 2021.

De acordo com Rodrigo Vilaça, CEO do Grupo Itapemirim, a empresa arrendou 10 aeronaves Airbus 320 — três delas que serão entregues ainda este ano. Para cada avião “amarelo ouro”, como são chamados por conta da cor, serão necessários 67 profissionais. “Com a chegada dos jatos, naturalmente vamos contratar mais profissionais. Nossa operação no Brasil será gradativa”, informou o executivo.

O projeto inicial da empresa, que ainda está em aprovação na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), prevê operação em 16 aeroportos brasileiros e hubs em quatro: Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Brasília (DF) e um último no Nordeste, ainda sem definição.

O projeto do grupo capixaba, contudo, esbarra em dois grandes desafios: a crise do setor de aviação e a retomada financeira da Viação Itapemirim, que teve pedido de recuperação judicial aceito em 2016.

“A recuperação judicial está desassociada da companhia área. É uma empresa nova e livre de qualquer dívida. Vamos somar uma base sólida a uma operação consistente”, garantiu ele.

A Viação Itapemirim ainda está leiloando imóveis e veículos para pagar as verbas rescisórias dos funcionários demitidos. A partir do dia 15 de outubro, por exemplo, será possível arrematar ônibus da empresa por lances iniciais a partir de R$ 3 mil no site da TM Leilões.

Com planos de integrar o transporte terrestre ao aéreo, em julho de 2017 o grupo tentou comprar a Passaredo. Em setembro, contudo, a venda foi cancelada porque a Itapemirim descumpriu condições precedentes estabelecidas em contrato.

“Nosso presidente queria lançar uma operação aérea regional quando tentou comprar a Passaredo. Mesmo com a pandemia, entendemos que temos um leque de oportunidades para lançar um projeto de aviação nacional”, disse Vilaça, CEO do grupo, ao G1.

Crise do setor aéreo

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) divulgou nesta terça-feira (6) que o segmento queimará US$ 77 bilhões em caixa no mundo no segundo semestre de 2020, apesar da retomada das operações — o equivalente a US$ 13 bilhões por mês ou US$ 300 mil por minuto.

De acordo com a entidade, a recuperação lenta do setor aéreo no mundo fará com que as empresas tenham uma queima de caixa de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões por mês em 2021. De acordo com a Iata, o setor não deve registrar um saldo de caixa positivo até 2022.

Apesar do cenário de turbulência, Vilaça acredita que 2021 é o momento ideal para lançar a Ita. “Nossa projeção em cinco anos é de uma empresa que vai ocupar espaço de forma gradativa no mercado. Ficamos felizes com o entusiamo das pessoas com a nova companhia. Podemos mudar o mercado da aviação brasileira nos próximos seis meses”, concluiu.