Em MG, Lula fala de ‘golpe’ e diz que oposição terá que esperar até 2018…

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Ao visitar Montes Claros, maior cidade do Norte de MG, nesta quinta-feira (27), para participar do “Encontro dos Povos dos Gerais”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a presidente Dilma Roussef (PT) está sendo alvo do que chamou de “golpe”, com o objetivo de retirá-la do poder.

“Gostaria que os que tentam a cada santo dia um golpe para tirar a Dilma, aprendessem a respeitar a presidenta. Eu perdi três leilões e tive  a paciência de esperar para a quarta, que eles esperem as eleições de 2018, mas já aviso que vão perder”, afirmou.

O ex-presidente disse que foi convidado pelo secretário de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Paulo Guedes, para participar do evento, que reuniu gerazeiros, vazanteiros, veredeiros, catingueiros, quilombolas, indígenas do Norte de Minas, coletadores de flores e sementes do cerrado. A comitiva que esteve na cidade contou ainda com a presença do governador do Estado, Fernando Pimentel (PT).

“Trouxe um discurso escrito, bonito, contando histórias, quando cheguei  vi que não era nada disto, que é um comício, um palanque de eleição, guardei meu discurso e vou falar olhando para a cara de vocês”, disse o ex-presidente. 

Segundo os organizadores, o encontrou reuniu seis mil pessoas, mas para a Polícia Militar, o número ficou em 3.500.

Crise ecônomica
Antes de discursar no evento, o ex-presidente se reuniu com prefeitos da região no auditório da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene. A imprensa não foi autorizada a acompanhar, os jornalistas puderam entrar rapidamente para fazer imagens. O vice-presidente da Amans, Edmárcio Leal, participou da conversa e contou que o ex-presidente falou sobre a crise e apontou que para superá-la é preciso “fazer corpo-a-corpo com a população, falar sobre os problemas e dizer que eles serão resolvidos”.

O mesmo discurso, tendo a crise econômica como foco, foi mantido durante o “Encontro dos Povos dos Gerais”.

“Estamos vivendo uma crise mundial, a China de hoje não é a mesma da de cinco anos atrás, os Estado Unidos de hoje não é o mesmo de seis anos. O Brasil está vivendo uma crise e muitas vezes as pessoas criticam o governo, porque na hora que o povo não tem a atenção que precisa, faz críticas. O momento é difícil, mas é passageiro, o povo vai nos ajudar a superar os desafios sob o comando da presidenta Dilma”, falou Lula.

O secretário de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais, Paulo Guedes, também comentou sobre os problemas enfrentados pelo país.

“Não é um momento de crise que vamos abaixar a cabeça, a capacidade do povo é muito maior do que o desejo de uma elite branca que não aceita que tem trabalhador rural e pedreiro andando de avião e que não aceita assinar carteira para empregada doméstica. Vamos enfrentar e resistir. Estamos firmes para continuar na luta contra o golpe, daqueles que acham que mandam no povo brasileiro”.

Continua…

Recuperar a popularidade
Quando questionado se o encontro seria uma estratégia para alavancar a popularidade do Partido dos Trabalhadores após as operações do Ministério Público e Polícia Federal, o presidente da Amans destacou que “quem não é visto não é lembrado, quando há uma decadência é preciso usar de vários artifícios, podemos fechar os olhos, quem governa o país enfrenta dificuldades, esta seria uma solução apara amenizar esta grande turbulência”, comentou Edmárcio Leal.

A visita ao Norte de MG está diretamente ligada ao resultado das últimas eleições, em que o PT venceu na maioria dos municípios da região, que é considerada uma das mais pobres do Estado.

“Pouca gente acreditava que Pimentel e Lula ganhassem em Minas Gerais, mas foi exatamente nesta região que a presidenta teve o maior número de votos no Estado”, ressaltou Lula.

Depois de Montes Claros, o ex-presidente seguiu ainda para outros compromissos em MG, nesta sexta (28) ele se reúne com membros da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Discurso do governador
Para as lideranças políticas na Amans, Fernando Pimentel destacou o aumento de 30% no repasse dos recursos do transporte escolar para os municípios e a montagem da equipe para rever a Lei Robin Hood – que regulamenta a distribuição do que é arrecadado com Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS).

“As Prefeituras são responsáveis por transportar mais de 70% dos alunos do Estado, mas recebemos apenas 40% do que gastamos com o serviço. Sobre o ICMS, a revisão poderá permitir que os municípios possam respirar, já que toda a riqueza do imposto é levada e ficamos apenas com as migalhas”, explica o vice-presidente da Amans.

Já no Encontro com os Povos dos Gerais, Pimentel chegou a se confundir ao mencionar o ex-presidente no início do discurso, afirmando que estava ansioso para ouvir “o nosso principal candidato”, ele se corrigiu e disse que queria falar “principal convidado”.

Reinvindicações
O governador de Minas recebeu durante o evento uma lista com as reinvindicações de representantes dos Povos das Gerais, a principal delas diz respeito à regularização fundiária e territorial.

“Quem ganhou um pedaço de terra mudou de vida e virou sujeito, todo caboclo teve a oportunidade de viajar avião, teve mesa farta, dinheiro no bolso e até geladeira, não foi tudo as mil maravilhas, mas abriu as portas para continuarmos. Por isto todas as comunidades do Norte de Minas estão unidas neste projeto de regularização”, falou Braulino Caetano Santos, representante dos povos do Cerrado na Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais.

Panelaço

Ainda durante o encontro um grupo de manifestantes fez um panelaço em frente ao campus da Universidade Estadual de Montes Claros. Segundo a PM, o ato reuniu 40 pessoas, o G1 não conseguiu confirmar o número de participantes estimado pela organização.

“Isto é uma tentativa mal embasada de restaurar credibilidade, mas credibilidade não se constrói em com comícios, mas sim com fatos. Fato é que o PT está envolvido com a corrupção até o pescoço, fato é que o país enfrenta a maior recessão das últimas décadas, desde a década de 30 o Brasil não tem uma recessão deste nível, eles não tem como responsabilizar outros, senão eles mesmos, tudo que está acontecendo nada mais é que consequência do desgoverno do PT”, falou Ezequiel Dias, um dos manifestantes.

G1