Blog da Folha de Pernambuco
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o responsável pela pandemia ter saído do eixo. Ele também reforçou a parceria com os socialistas, minimizou as disputas entre Marília e João Campos em 2020, e fez críticas a Ciro Gomes, que pretende se candidatar à presidência em 2022 e que foi classificado por Lula como egocêntrico. O ex-presidente foi entrevistado ontem no programa Folha Política, da Rádio Folha 96,7 FM, pela colunista de Política da Folha de Pernambuco, Renata Bezerra de Melo, e pelo âncora Jota Batista, com transmissão pelo interior do Estado.
Cpi da Covid
Eu penso que a CPI está cumprindo um papel extremamente importante, que é estabelecer a verdade nua e crua do que aconteceu. O que precisar perguntar é por que que no Brasil chegaram a morrer 439 mil pessoas? Primeiro, o presidente não era obrigado a conhecer como tratar a pandemia. Era preciso que ele juntasse uma equipe de especialistas da saúde, era preciso que o ministro da Saúde tivesse competência para isso, era necessário que ele escutasse um comitê técnico para isso, era preciso que ele escutasse coordenadores e secretários da saúde e criasse um protocolo para tratar da questão da pandemia. E a primeira coisa a fazer depois do protocolo era poder comprar a vacina. E protelaram. Não compraram a vacina porque na cabeça do presidente da República, a pandemia não era nada, era uma gripezinha e ele como tinha vida de atleta não ia pegar e só ia matar velhinhos. Ele tem responsabilidade de uma grande parte das pessoas que morreram. Esse cidadão tem responsabilidade direta pelo fracasso que nós temos no combate à pandemia do coronavírus.
João Paulo e Paulo Câmara
Eu mantenho uma relação com Paulo Câmara muito civilizada, já tive uma conversa e a hora que precisar conversar eu terei quantas conversas forem necessárias com o Paulo Câmara e com o pessoal do PSB. E, na minha opinião, a volta do companheiro João Paulo é uma coisa muito importante. Eu falei com o João Paulo, falei com ele com ele por telefone: o bom filho a casa retorna. O PSB já lançou candidato contra mim duas vezes. E não tem problema, eu não perdi nenhuma amizade com o PSB. Eu vou continuar trabalhando sobre a possibilidade de se construir uma aliança com os partidos progressistas para enfrentar o Bolsonaro e reconquistar a democracia no nosso País. Se não for possível e cada partido entender que deva ter seu candidato, é um direito. Eu jamais vou pedir para um partido não ter candidatura própria. Porque eu sofri muita pressão para não ser candidato em 89, 94, 98 e foi a minha teimosia que permitiu chegar onde eu cheguei.
Marília e João Campos
Veja, o fato do PT ter lançado a Marília na disputa contra o João Campos não demonstra que o PT e o PSB tenham que estar rompidos por causa de uma disputa eleitoral. O País tem quase 6 mil municípios. Nós fomos aliados em muitos municípios. Não é por causa de divergência em um ou outro que o PT e o PSB vão ficar de biquinho um com o outro. Nós temos que ser maduros e entender em função de cada circunstância, entender, em função de cada realidade, a gente se juntar ou a gente separar. É assim que eu vejo a política. Eu espero que João faça a maior administração do mundo. E que a Marília continue na sua briga. Ela tem o direito de ter o direito de disputar.
Primeiro turno estadual
Eu não vejo nenhum problema em cada candidato querer ser candidato no primeiro turno e para o segundo turno a gente acertar o apoio ao cara que for para o segundo turno. Eu não vejo nenhum problema, isso não me causa trauma nenhum.
Ciro Gomes
Adoraria dizer: o Ciro é um amigo, mas ele não quer e se ele não quer, ele não vai ser. Ele quer brigar, porque ele quer encontrar alguém na luta política, mas eu não quero brigar. O Ciro não é meu inimigo. Pode ser um adversário. O problema do Ciro é que ele só gosta dele. No Brasil tem várias pessoas que são assim, os ‘eu me amo’. Sabe, ele gosta muito dele mesmo. Ele faz política para ele. Ele gosta de agradar os seus ouvidos.