Por Magno Martins – Sendo de fato e de direito o candidato do PSB a governador, o deputado federal Danilo Cabral, se eleito, só terá direito a um mandato. Reeleição, nem pensar. Nos bastidores da Frente Popular e na cozinha dos Campos, o que se diz é que Danilo foi ungido para guardar a cadeira para João Campos.
Como assim? Fácil de explicar. O PSB já dá como certa a reeleição de João em 2024. Reeleito, dois anos depois, renunciaria para disputar o Governo do Estado em 2026, tirando de Danilo o legítimo direito de disputar a reeleição. Esse é o jogo da família Campos, do PSB e dos partidos que bajulam os poderosos para fazer do prefeito a maior liderança política do Estado.
Nessa condição, se constituiria na mais apurada ressurreição do pai, o ex-governador Eduardo Campos, morto num acidente aéreo, para dar continuidade ao seu legado político e administrativo. Os áulicos, embriagados por um bom escocês, chegam até a viajar na maionese. Apostam que João eleito governador será depois presidente da República.
Lembrei da paródia de Mané Garrincha. Conta a lenda que na Copa de 1958, durante a preleção antes do jogo contra a antiga União Soviética, o técnico brasileiro Vicente Feola reuniu os jogadores e combinou uma estratégia que seria infalível para emplacar a vitória, com um gol sensacional de Mazzola. Garrincha, com a sua natural simplicidade, ouvindo tudo com a camisa jogada no ombro, perguntou: “Tá legal, seu Feola, mas o senhor já combinou com os russos?”
O PSB já combinou com os eleitores? A política não é uma ciência exata, mas tem lógica em algumas ocasiões. O PSB está no poder há 16 anos, controla o Governo do Estado e a Prefeitura do Recife, não fez nada para mudar a vida dos pernambucanos. Até quando vai continuar escravizando o povo, achando que tange o eleitor para a urna como boi para o curral?
Vergonha – Danilo Cabral vai, entretanto, negar a vida inteira que aceitou ser candidato para “guardar” a cadeira reservada para João Campos, quatro anos depois. Faz parte do jogo. “Isso é uma vergonha para um Estado revolucionário e irredento como Pernambuco”, diz uma liderança política da própria Frente Popular, que pediu o anonimato certamente porque não tem coragem de romper com o status quo.