Folha de Pernambuco
Em ano pré-eleitoral, partidos movimentam o tabuleiro político para buscar alianças amplas para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas urnas, em 2022. Uma das agremiações mais cobiçadas da oposição, o PSB definirá seu plano nacional com base nos projetos regionais. Neste contexto, Pernambuco é uma das prioridades para a legenda socialista, uma vez que a sigla comanda o Governo do Estado e o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio (PSB), é visto como nome natural para a disputa.
O PSB flerta com dois caminhos para 2022. O primeiro é a candidatura própria, que também seria estratégica para o Nordeste. A segunda seria integrar uma ampla aliança progressista, como um partido aliado. Em 2018, o PSB adotou uma posição neutra no primeiro turno. A tática foi o resultado de um acordo dos socialistas com o PT para isolar a candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) em troca da retirada da candidatura da deputada federal Marília Arraes (PT) para o Governo de Pernambuco. Somente no segundo turno que a sigla declarou apoio ao candidato do PT e ex-ministro Fernando Haddad.
Após o afastamento em 2018, o PSB reestabeleceu as pontes rompidas com o PDT. A aliança dos pedetistas foi selada com o apoio dos trabalhistas com os socialistas na eleição do prefeito do Recife, João Campos (PSB), em 2020. “Ciro, analisando quando Lula ainda não estava no jogo, era um nome que ainda poderia nos aproximar já que fez um movimento aqui com João; um movimento com Márcio França, em São Paulo; no Ceará também. Por outro lado, houve um distanciamento do PT, inclusive com a candidatura de Marília aqui”, ressaltou um deputado socialista, em reserva.
Após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, em anular todas as condenações de Lula, garantindo a elegibilidade do petista, as regras do jogo político mudaram. O socialista define que o PSB estava em busca de uma alternativa para sair do extremismo, mas a chegada de Lula vai reforçar o “vitimismo” do PT, enquanto Bolsonaro vai utilizar o “anti-petismo”.
O deputado Felipe Carreras (PSB) ressaltou que o partido deve buscar outra alternativa que faça o papel de oposição diante do extremismo da esquerda radical e de Bolsonaro, mas não acha que o melhor caminho seja a aliança nacional com o Partido dos Trabalhadores.
“Eu torço para que o PSB não se aproxime a nível nacional do PT, mas que procure, ao mesmo tempo, dentro do campo de centro-esquerda, encontrar alternativa ao que está posto ao País”, enfatizou o deputado pernambucano.
Um ponto que pode pesar a favor de Lula é o fato de ele ser o único que aparece ganhando de Bolsonaro nas pesquisas. “Não dá para dizer, de fato, para onde vamos, mas sabemos para onde não vamos: Bolsonaro”, pondera um socialista em reserva. “A nossa individualidade não permita que a gente se divida de novo e aconteça em 2022 o que aconteceu em 2018”, concluiu.
Enquanto o discurso sobre unidade partidária tenta ganhar força, o PSB vem investindo na busca de ‘outsiders’ como alternativa para concorrer ao Planalto. O próprio prefeito João Campos já se movimentou ao procurar o apresentador Luciano Huck como opção para uma futura candidatura própria do partido. Além de Huck, outro nome especulado pela sigla socialista é o da empresária Luiza Trajano.