O Papa Francisco recordou ontem (28) no Cairo, diante do presidente egípcio, as comunidades cristãs atingidas por atentados terroristas nos últimos tempos, que provocaram dezenas de mortes.
“Penso naqueles que foram atingidos nos atentados contra as igrejas coptas, quer em dezembro passado quer mais recentemente em Tanta e Alexandria. Aos seus familiares e a todo o Egito, as minhas sentidas condolências com a certeza da minha oração ao Senhor pela rápida recuperação dos feridos”, disse, perante representantes do governo e do parlamento, membros do corpo diplomático e da sociedade civil, reunidos no Hotel Al-Màsah.
O Papa desafiou os responsáveis políticos e religiosos a “desmantelar os planos homicidas e as ideologias extremistas”, afirmando a “incompatibilidade entre a verdadeira fé e a violência, entre Deus e os atos de morte”.
Francisco sublinhou depois o “papel insubstituível” do Egito no contexto do Médio Oriente e da construção da paz na região.
O Papa denunciou a “violência cega e desumana”, causada por vários fatores, como o comércio de armas, os graves problemas sociais e o “extremismo religioso que utiliza o Santo Nome de Deus para realizar massacres inauditos e injustiças”.
Continua…
O segundo discurso papal no Cairo homenageou todos os que “deram a vida para salvaguardar a sua pátria” e os que morreram “por causa de várias ações terroristas”.
“Penso também nos assassinatos e nas ameaças que levaram a um êxodo de cristãos do Sinai setentrional”, acrescentou.
Francisco agradeceu às autoridades egípcias pelo acolhimento aos refugiados, apelando ao “respeito incondicional pelos direitos inalienáveis” como a igualdade entre todos os cidadãos, a liberdade religiosa e de expressão, “sem distinção alguma”.
“Perante um delicado e complexo cenário mundial, fazendo pensar naquela que designei uma ‘guerra mundial aos bocados’, é preciso afirmar que não se pode construir a civilização sem repudiar toda a ideologia do mal, da violência e de qualquer a interpretação extremista que pretende aniquilar o outro”, prosseguiu.
No Egito, “berço das três grandes religiões”, o Papa deixou votos de paz para toda a região, em particular para a Palestina e Israel, a Síria, a Líbia, o Iémen, o Iraque e o Sudão do Sul.
70 anos depois do estabelecimento de relações diplomáticas entre a Santa Sé e a República Árabe do Egipto, um dos primeiros países árabes a fazê-lo, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi falou numa “visita histórica” e falou dos “valores comuns” entre cristãos e muçulmanos, distanciando o Islão de atos terroristas.
No final do encontro, o Papa Francisco seguiu para a sede do Patriarcado da Igreja Copta Ortodoxa, para uma visita ao líder desta comunidade, Tawadros II. (Ecclesia)