O prefeito de Serra Talhada, Luciano Duque (PT), fez, na tarde de ontem (10) a sua mais contundente declaração contra o ex-gestor – e agora ex-aliado – Carlos Evandro (PSB).
O petista não economizou nos detalhes para revelar como o ex-prefeito deixou um rombo que, se atualizado, atingiria a casa dos R$ 7 milhões. O atual prefeito da Capital do Xaxado acusa Carlos Evandro de usar expediente escuso para afundar a previdência e ainda assim conseguir certidões negativas, evitando que recursos não chegassem aos cofres municipais.
“Os professores pediam 18% de aumento e ele dava 18%. Só que ele se esquecia de uma coisa: quando você dá 18 % ao professor, estoura a previdência. E ele não pagava a previdência. Aí o fundo que tinha na previdência ficou igual e o que tinha foi consumido pelos aumentos”, exemplifica Duque.
“Sabe o que ele fazia? Fazia uma GFIS, que é o documento pra pagar a previdência. O valor correto era R$ 150 mil, mas ele só pagava R$ 15 mil e empurrava o resto com a barriga. A cada seis meses você tirava a CND [Certidão Negativa de Débitos]. Ele pedia um parcelamento. Aí com o parcelamento, tirava a GFIS novamente e a CND, que passava mais seis meses, sempre pedindo parcelamento. Resultado: [a bomba] estourou dentro do meu governo”, completa.
Duque, que foi vice de Carlos Evandro, se antecipou às possíveis críticas e disse que só tomou conhecimento das irregularidades ao assumir a gestão. “Aí vem quem diga: ‘Não, você fazia parte’. Fazia parte de que? Vice-prefeito não sabe de nada. A ideia que eu tinha é de que estava tudo bem.
Duque lembrou ainda que o ex-prefeito teve condições favoráveis para gerir a máquina pública, mas que faltou capacidade. “A Odebrecht botava R$ 500 mil todo mês na prefeitura. Ele vendeu as duas contas ao Bradesco – pegou R$ 3 milhões da primeira vez e R$ 5 milhões na segunda. Ele teve dinheiro pra ajeitar o município e não ajeitou. Eu não sei o que ele fez com esse dinheiro”.
Festas superfaturadas – Luciano Duque realizou um comparativo entre eventos realizados em sua gestão e no governo de Carlos Evandro. “Eu faço um paralelo: eu gastei R$ 800 mil na festa de setembro do ano passado. A festa que ele fez custou mais de R$ 2 milhões”, disse.
Questionado se houve superfaturamento nos contratos firmados pela gestão do ex-aliado, Duque foi categórico: “Claro!”. (Nil Júnior)