Diário de Pernambuco
Uma mancha na pele que cresce, às vezes coça, sangra e não cicatriza. Estes são sinais de alerta porque podem indicar câncer de pele. Conhecido como Dezembro Laranja, o mês marca a importância de reforçar o cuidado com a exposição excessiva ao sol, muito presente no verão, além de realizar a prevenção e o diagnóstico do câncer de pele. O alerta é dado para a prevenção ao longo de todo o ano, não apenas no período do verão. A campanha de cuidados deve ser levada a sério entre os brasileiros, tendo em vista que o câncer de pele é o tipo de maior incidência de casos no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a média é de 176 mil novos casos por ano. Todos os anos, cerca de 2.300 pessoas morrem por conta da doença. A doença pode se manifestar de 3 formas: carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular (não-melanomas) e o mais grave deles, o melanoma.
De acordo com o médico dermatologista Sérgio Paulo do Instituto Prontopele e professor da Faculdade de Ciências Médicas da UPE, o melanoma representa apenas 4% dos casos e os não-melanomas correspondem a 90% dos cânceres de pele. “O não-melanoma é o que apresenta altos percentuais de cura, se for detectado e tratado precocemente. Entre os tumores de pele, é o mais frequente e de menor mortalidade, porém, se não tratado adequadamente pode deixar mutilações bastante expressivas”, explica.
Os cânceres de pele, com exceção do melanoma, são mais frequentes na população adulta porque dependem mais da exposição solar. Já o tipo melanoma também pode ser causado, além da exposição solar, por fatores genéticos. Portanto, apesar de ser mais comum em adultos, a doença pode afetar recém-nascido, criança, jovem, adulto ou idoso. E mesmo com maior incidência em pessoas de pele branca, todos precisam se prevenir.
O diagnóstico normalmente é feito pelo dermatologista, através de exame clínico. Em algumas situações, é necessário que o especialista utilize a dermatoscopia, exame no qual se usa um aparelho que permite visualizar algumas camadas da pele não vistas a olho nu. Alguns casos exigem um exame invasivo, que é a biópsia.
O American Cancer Society publicou em sua pesquisa as seguintes recomendações para que a população siga e diminua a possibilidade de manifestar o câncer de pele.
Limitar a exposição à radiação ultravioleta
A forma mais importante para reduzir o risco é proteger-se da radiação ultravioleta. Proteja-se do sol quando estiver ao ar livre. Procurar uma sombra. Uma forma de limitar a exposição à radiação ultravioleta é evitar a exposição prolongada diretamente à luz solar, especialmente entre às 10 h e 16 h, quando a luz UV é mais intensa.
Usar roupas adequadas
As roupas fornecem diferentes níveis de proteção contra a radiação ultravioleta (UV), por exemplo, camisas de mangas compridas, calças compridas ou saias longas oferecem mais proteção, as cores escuras também protegem mais do que as cores claras. Tecidos firmes protegem melhor do que o vestuário entrelaçado. Tecido seco é geralmente mais protetor que o molhado. Entretanto é importante estar ciente que apenas se cobrir não bloqueia toda a radiação ultravioleta, se a luz passa através de um tecido, a radiação UV também passará.
Usar chapéu
Chapéu com aba é o ideal, porque protege áreas muitas vezes expostas ao sol intenso, como orelhas, olhos, nariz, couro cabeludo e testa. O boné protege o rosto e a cabeça, mas não o pescoço ou as orelhas, locais onde normalmente os cânceres de pele começam a se desenvolver. Os chapéus de palha não são tão protetores quanto os confeccionados com tecido mais grosso.
Usar protetor solar
Use protetores solares e labiais em áreas de pele expostas ao sol, especialmente entre às 10 h e 16 h e de preferência com fatores de proteção solar (FPS) 30 ou mais. O uso do protetor solar é recomendado, inclusive em dias nublados ou encobertos, pois a radiação UV está presente. Entretanto, para garantir a proteção contínua, os filtros solares devem ser reaplicados, de acordo com as instruções da embalagem.
Usar óculos de sol
Óculos com capacidade de bloquear a radiação UV, de pelo menos 99% oferecem a melhor proteção para os olhos e para as pálpebras.
Evitar o bronzeamento artificial
Muitas pessoas acreditam que os raios UV das câmaras de bronzeamento são inofensivos, mas isso não é uma verdade. As lâmpadas de bronzeamento que fornecem os raios ultravioleta podem, a longo prazo, provocar danos à pele e ainda contribuir para o desenvolvimento de um câncer de pele.
O bronzeamento artificial tem sido associado a um risco aumentado de melanoma, especialmente se iniciado antes dos 30 anos de idade. A maioria dos dermatologistas e dos membros de organizações de saúde não recomenda o uso de câmaras de bronzeamento e lâmpadas ultravioletas. No Brasil está proibida sua utilização desde 2009.
Proteger as crianças do sol
As crianças precisam de atenção especial, pois tendem a passar mais tempo ao ar livre e podem se queimar mais facilmente. Os pais devem proteger as crianças da exposição ao sol em excesso, seguindo as recomendações mencionadas acima. As crianças mais velhas precisam ser alertadas sobre a exposição ao sol uma vez que se tornam mais independentes.
Prestar atenção em pintas irregulares
Verificar a pele regularmente permite a detecção de pintas novas ou irregulares ou outras alterações. Mostre qualquer mudança na pele que encontrar ao seu médico para fazer o diagnóstico e eventualmente o tratamento da lesão.
Certos tipos de pintas apresentam um risco aumentado de desenvolver um melanoma. Se você tem pintas, dependendo da forma o seu médico poderá querer acompanhá-la com exames regulares ou mesmo removê-las, se suas características sugerem que possam se transformar em um melanoma.
A remoção de muitas pintas não é recomendada como forma de evitar o melanoma. Alguns melanomas podem se desenvolver a partir de pintas, mas a maioria não. Se você tem muitas pintas, consulte periodicamente um dermatologista, que realizará exames de rotina, além de recomendar que você faça mensalmente o autoexame da pele.
Se você encontrar uma nova pinta, pouco comum ou alguma mudança em uma pinta já existente, você deve consultar um dermatologista.
Baixa do sistema imunológico
Ter um sistema imunológico enfraquecido aumenta o risco de contrair melanoma e outros tipos de câncer de pele.
A infecção pelo HIV pode enfraquecer o sistema imunológico. Evitar os fatores de risco conhecidos para a infecção pelo HIV, como o uso de drogas intravenosas e relações sexuais desprotegidas com muitos parceiros, pode reduzir o risco de câncer de pele e muitos outros tipos de câncer.
Algumas pessoas, como por exemplo, as que fizeram transplantes de órgãos ou portadoras de doenças autoimunes, precisam tomar medicamentos para suprimir o sistema imunológico. Às vezes, pessoas com câncer também precisam tomar medicamentos como quimioterapia que pode diminuir sua função imunológica. Para estas pessoas, o benefício de tomar estes medicamentos provavelmente ultrapassará o pequeno risco aumentado de contrair câncer de pele.