Pesquisadores americanos anunciaram quarta-feira (6) a descoberta de uma variação do HIV (vírus da imunodeficiência humana, na sigla em inglês). É a primeira vez em 19 anos que isso acontece, desde que as diretrizes para classificar descobertas de subtipos do vírus foram determinadas, em 2000.
A cepa (variação) faz parte do grupo M do HIV tipo 1, responsável por 90% das infecções mundiais. Sua descoberta é importante porque, uma vez identificada, a variação não corre o risco de passar indetectável pelos exames.
A nova variação foi observada em três pessoas a partir de amostras de sangue colhidas entre os anos 1980 e 2001, todas na República Democrática do Congo, de acordo com o laboratório Abbott, que anunciou a descoberta.
Estima-se que 886 mil pessoas vivam com HIV no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A Aids, doença causada pelo HIV, é considerada uma pandemia que já atingiu 75 milhões de pessoas no mundo –37,9 milhões convivem com o vírus atualmente. O HIV é muito mutável e está em constante evolução. Por isso, cientistas continuamente estudam como ele evolui ao longo do tempo para prevenir epidemias e encontrar formas de evitar ou até curar as infecções.
No comunicado em que divulgou a descoberta, uma das autoras do estudo, a professora da Universidade do Missouri Carole McArthur, destaca essa mutação constante. “Em um mundo cada vez mais conectado, não podemos mais pensar que vírus ficam contidos em apenas uma localidade”, afirma, na nota. “Essa descoberta nos lembra que para o fim da pandemia de HIV, precisamos continuamente pensar melhor essa mudança constante do vírus e usar os mais recentes avanços em tecnologia e recursos para monitorar sua evolução.”
As cepas também podem influenciar a resposta ao tratamento. Os medicamentos antirretrovirais, que hoje podem reduzir a carga viral de um portador do HIV até o ponto em que a infecção é indetectável e deixa de ser transmitida, geralmente têm um bom desempenho contra uma variedade de subtipos, de acordo com uma pesquisa, mas também há evidências de diferenças entre os subtipos na resistência aos medicamentos.
Saiba mais sobre o HIV O vírus que causa a Aids, o HIV, em sua variação mais comum (HIV-1), passou de chimpanzés para humanos por meio do contato de sangue proveniente de arranhões, mordidas ou consumo de carne infectada.
Novos subtipos, as cepas, surgiram de transmissões entre espécies de outros primatas, como gorilas e macacos. Originário da África, ele se espalhou pelo mundo. Há também a variação menos comum (HIV-2), que teve sua origem em primatas mangabeis, uma espécie existente na África ocidental.
A diversidade genética do vírus tem três diferentes fontes:
Pontos de início diversos: diferentes cepas de HIV vieram de chimpanzés, gorilas e magabeis. Enquanto essas infecções iniciais têm digitais genéticas diferentes, elas causaram um tipo similar de infecção.
Erros que criam variedade: mutações ocorrem enquanto o HIV faz cópias de si, e esses erros resultam em novas cepas virais. Cientistas estudam como essas cepas estão relacionadas e como se desenvolveram ao longo do tempo.
Novas combinações: quando duas diferentes cepas de HIV infectam a mesma pessoa, elas podem se recombinar para criar uma nova cepa de vírus, chamada de CRF (Forma Circuladora Recombinante). Aproximadamente 100 CRFs foram descobertas em todo o mundo A partir desses estudos, cientistas dividiram a forma mais comum do vírus, o HIV-1, em quatro grupos: M, N, O e P. O grupo M tem mais 11 subtipos. A descoberta do L é a mais recente, anunciada nesta semana. (FolhaPress)