Na mesma semana em que os arquivos armazenados no banco dos doleiros apontam uma propina de R$ 1 milhão para o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, o advogado pernambucano Antônio Campos, que disputou a Prefeitura de Olinda, é indicado para a Fundação Joaquim Nabuco por obra de arte do senador. Relator da MP que mexe na estrutura administrativa do Governo, Bezerra sofreu uma derrota na semana passada: o item do seu relatório que mantém o Coaf no Ministério da Justiça foi rejeitado.
Há quem diga que isso arranhou seu prestígio que estava em alta no Planalto. Outros dizem que foi tudo acertado com Bolsonaro, que conspira também para ver Moro jogado na jaula dos leões.
Bezerra é cobra criada. Dos líderes, é o mais afoito e sagaz. Bolsonaro não soube escalar seu time no Congresso. Convocou um quadro de lideranças que, à exceção do senador pernambucano, não sabem aonde a onça bebe água. Por isso mesmo, Bezerra vai despejando dinheiro na gestão do filho prefeito em Petrolina, bancando o apadrinhamento de aliados e tem até seu nome ventilado para o Ministério da Integração, pasta a ser recriada pela proposta da mesma MP que relata no Congresso.
Envolvido na Lava Jato, o senador consegue, incrivelmente, se colocar na vitrine da pauta positiva, mesmo o ministro Edson Fachin apontando a metralhadora na sua cabeça. Para quem sobreviveu a tantos tiroteios, elegeu um filho prefeito do maior colégio eleitoral do Sertão, outro filho federal e mais um estadual, sofrer ataques de doleiros parece café pequeno. (Magno Martins)