A diplomacia brasileira caducou. A principal evidência de sua senilidade está na forma atabalhoada que lida com o derretimento institucional da Venezuela. Sob Lula e Dilma, vigorou a diplomacia das empreiteiras, levadas a Caracas com o dinheiro barato do BNDES. Deu em calote. Sob Temer, um Itamaraty tucano dedica-se a bicar em público o regime bolivariano. Vai dando em vexame, pois quem briga com gambá, mesmo que ganhe, sai cheirando mal.
Ah, que saudade da diplomacia brasileira. Mesmo nos períodos em que a opinião do Brasil não interessava a ninguém no mundo, como agora, todos sabiam que, se acontecesse o pior, se tudo desse errado, sobrava a coerência da diplomacia brasileira. Num caso como o Venezuela, que mantém com o Brasil algo como 2.200 quilômetros de fronteiras, a antiga diplomacia brasileira não ignoraria que a divergência, quando é inevitável, deve ser exercida com muita calma.
Diante das fraudes que mantiveram Nicolas Maduro no poder, a diplomacia brasileira diverge sem método. Grita em notas oficiais no mesmo timbre dos Estados Unidos. Na base do grito, Brasília arrisca-se a perder o papel de moderador para Washington, que grita a esmo desde que Donald Trump assumiu o comando. Trump quer que a Venezuela se exploda. Sobram para Brasil os estilhaços: o buraco no orçamento do BNDES, coberto com dinheiro do seguro desemprego, e o êxodo dos venezuelanos que cruzam a fronteira em busca de oportunidades inexistentes.