Bolsonaro e escolha de Sofia…

A operação da Polícia Federal que vasculhou o gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), e seu filho, o deputado Fernando Filho (DEM), deixou o presidente Bolsonaro diante de uma “escolha de Sofia”, expressão que invoca a imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão e enorme sacrifício pessoal, como a vista no filme homônimo de 1982: não sabe se mantém o líder do Governo no Senado, se afasta o ministro Sérgio Mouro (Justiça) ou demite o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, que estava num balança mas não cai e foi mantido por Moro, a quem é ligado.

O episódio gerou uma crise política sem precedentes entre o Congresso, Executivo e Judiciário, congelada com a ida do presidente a Nova Iorque, para participar da Cúpula do Meio Ambiente. Qualquer opção que faça, Bolsonaro tende a sair arranhado. Abrindo mão do líder, dificilmente conseguirá alguém com o perfil de FBC para ajudar a destravar a pauta do Planalto no Congresso.

Aflição e tensão – Mas a crise provocada pela operação da Polícia Federal, segundo um leal “cavaleiro solitário” na defesa do Planalto na Casa – está longe da solução. Até porque escancarou um conflito, cada vez mais explícito, entre as alas “lavajatista” e bolsonarista do Governo. Encurralado entre o discurso anticorrupção com o qual se elegeu e a governabilidade, Bolsonaro está aflito.

Pauta ameaçada – Agora, com o tiroteio entre o Senado, que, em dura nota condenou a decisão do ministro Luiz Roberto Barroso de autorizar a operação da PF contra Bezerra, e o Supremo, a primeira bala perdida pode atingir o Executivo e paralisar sua agenda esta semana no Senado. Provavelmente, é o que acontecerá se a demissão do líder se concretizar.(Magno Martins)