Primeiro, tradicionalmente, não existe eleição vinculada entre Câmara e Senado. O próprio DEM, hoje, ocupa o comando do Congresso e isso só foi possível por jogadas solo. Nem a cúpula do DEM, nem Maia e Alcolumbre se uniram num projeto único por isso. Elegeram-se por projetos separados.
Em segundo lugar, hoje, a busca do MDB é para retomar a tradição de a maior bancada ocupar a presidência do Senado. A maior bancada é o DEM. O chamado resgaste da proporcionalidade é o principal argumento de campanha entre senadores do MDB que querem se eleger e buscam apoio- tanto do Planalto, quanto de senadores.
Para senadores experientes, não há espaço hoje para a eleição de um nome como Davi, fora do jogo tradicional. O atual presidente do Senado se elegeu em meio a um ambiente de sentimento “Anti-Renan” e “Anti Lava Jato”- o que se dissipou no parlamento. Por isso, acreditam senadores, o MDB é o mais competitivo hoje.
E argumenta também com o Planalto que o ideal é o candidato “que principalmente não cria problema para o governo, e se for simpático ao Planalto, melhor”.
No MDB, dois dos quatro postulantes são líderes do governo: Eduardo Gomes e Fernando Bezerra. Eduardo Braga e Simone Tebet também disputam a preferência da bancada.
Mas a definição do cenário de candidatos, diferentemente da Câmara, tem um outro timing. De um lado, Rodrigo Pacheco (DEM) apoiado por Davi Alcolumbre. O MDB só deve decidir por volta da semana do 15 de janeiro.
Como diz um cacique da legenda, que tem se consultado com o ex-presidente Sarney, “ a disputa no Congresso é uma questão gourmet, uma diferença de velocidades: na Câmara, tudo frito. No Senado, tudo assado”.
“Três Rodrigos”
Outro motivo que tem pesado para que parlamentares trabalhem contra Pacheco é que eles enxergam uma operação que pode fortalecer o combo que chamam de “três Rodrigos”, que pode turbinar o DEM de olho em alianças eleitorais para o cenário de 2022.
O cenário projetado é o DEM no comando do Senado, com Rodrigo Pacheco; se Baleia Rossi for eleito na Câmara, uma vitória de Rodrigo Maia — que, turbinado, assumiria a coordenação política do DEM junto a ACM Neto para organizar o partido para 2022 — e o DEM assumir, com o vice Rodrigo Garcia, o governo de São Paulo em 2022. Isso ocorreria se João Doria (PSDB) deixasse o cargo para a disputa presidencial.
Entre nomes ligados a Bolsonaro no Senado, não há nenhuma intenção em dar munição para qualquer projeto que consolide forças adversárias, como Doria e Maia- e querem começar o esvaziamento do bloco pelo Legislativo.