Faltando pouco mais de vinte dias para a posse dos novos deputados estaduais e consequentemente a eleição da mesa diretora da Assembleia Legislativa de Pernambuco, cresce o sentimento na Casa Joaquim Nabuco que o Palácio do Campo das Princesas perdeu capital político junto aos deputados estaduais após a formação do secretariado.
Para um parlamentar em reserva, desde a vitória de Paulo Câmara no ano passado que o governo criou um rei na barriga e acha que pode atropelar todo mundo desconsiderando o papel que cada deputado teve na apertadíssima reeleição do governador, e isso tem deixado deputados governistas convictos de que o apoio velado ou público a algum integrante do PSB que pretenda disputar um cargo na mesa diretora por parte do Palácio terá efeito inverso.
Ainda está bastante clara na memória dos parlamentares a atabalhoada articulação que o governo fez em 2015 para a primeira-secretaria, quando impôs Lula Cabral como candidato oficial e ele acabou derrotado para o deputado Diogo Moraes, que concorreu à revelia do Palácio e terminou vitorioso. O fato pode se repetir tanto na primeira-secretaria quanto na primeira vice-presidência, cargos que serão destinados ao PSB, onde quem tiver a digital do Palácio será tratorado na votação, que vale salientar, é secreta.
A reeleição de Eriberto Medeiros para a presidência está pacificada na Casa, mas a sua conquista é fruto exclusivo do seu trânsito com os colegas, não tendo qualquer digital do governo nesta construção. Portanto, é possível que a mesa diretora da Alepe eleita no próximo dia 1, seja significativamente independente do governo, que fez a sua opção de manter o diálogo com o legislativo nebuloso e cheio de percalços como ocorreu em 2015. (Edmar Lyra)