Por Gerson Camarotti- G1
Deputados do PSL ligados ao presidente Jair Bolsonaro, e considerados infiéis pelo comando da legenda, resistem à solução dada pela cúpula do partido de deixarem a sigla abrindo mão do valor do fundo partidário. Eles não querem que a ala de Luciano Bivar, presidente do partido, fique com o dinheiro.
A cúpula do PSL avaliou, durante conversas no fim de semana, a possibilidade de liberar o presidente Jair Bolsonaro, os filhos dele – deputado Eduardo Bolsonaro (SP) e senador Flávio Bolsonaro (RJ) – e cerca de 20 parlamentares considerados infiéis para saírem do partido desde que assinem um compromisso público dizendo que abrem mão do dinheiro do fundo partidário.
Houve discussão também sobre a expulsão de dois deputados do partido: Bibo Nunes (RS) e Alê Silva (MG). Mas qualquer tipo de acordo parece distante.
Crise
Na semana passada, um grupo de deputados federais do PSL comunicou ao presidente Jair Bolsonaro que vão acompanhá-lo em eventual saída da legenda, segundo relatos feitos ao blog. No mesmo dia, no início da noite, o presidente afirmou que, “por enquanto”, permanecerá na sigla.
Parlamentares ligados a Bolsonaro tentam encontrar uma saída jurídica para deixar o PSL sem que haja a chamada infidelidade partidária.
Eles argumentam que só ficariam no PSL caso houvesse o cumprimento de alguns pontos, como a instalação de uma comissão provisória no lugar da executiva, a edição de um novo estatuto e a contratação de uma empresa de compliance.
Mas poucos acreditam na viabilidade da proposta. A solução então seria procurar uma justa causa para sair com tudo ou então sair sem o dinheiro, mas inviabilizar o uso dele pelo partido.
“A gente não faz questão do fundo, saímos sem ele, mas também não queremos deixar esse valor nas mãos do PSL, não queremos que seja utilizado por quem não tem seguido regras de transparência. Achamos que a Justiça Eleitoral também não vai compactuar com uma gestão pouco transparente com o dinheiro público. Podemos tentar deixar bloqueado ou até devolver para a União”, diz Bia Kicis.
As últimas conversas ocorrem em meio ao embate entre Bolsonaro e o comando do PSL, que decidiu pedir uma auditoria nas contas da campanha presidencial do ano passado.
O pedido da legenda ocorreu após o presidente Jair Bolsonaro e 21 parlamentares terem solicitado ao PSL acesso às contas do partido para auditoria.