Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo põe fim à vida de oito milhões de pessoas todos os anos. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que 10% dos fumantes chegam a reduzir a expectativa de vida em 20 anos. Por conta disso e também por estar associado a diversos tipos de câncer, problemas pulmonares e doenças cardiovasculares é que a indicação de especialistas é cessar o hábito, um exercício que exige foco e disciplina também contra as traiçoeiras recaídas.
Segundo o pneumologista e broncoscopista, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Thiago Matos, a queima do tabaco no corpo danifica várias atividades fisiológicas porque produz substâncias nocivas à saúde. “O benzeno e o níquel, por exemplo, estão relacionados à carcinogênese, ou seja, o desenvolvimento do câncer. Além deles, há outras substâncias, como a amônia, o monóxido de carbono e a acroleína”, elenca Thiago.
Ainda conforme o especialista, o tabaco também torna o corpo propício a desenvolver doenças respiratórias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica, além de piorar outras patologias, como a asma. “A quantidade de prejuízos é enorme. O tabagismo pode provocar também a perda da função pulmonar com dispneia progressiva aos esforços, que é a falta de ar, além de câncer de boca, pulmão, aterosclerose e hipertensão”, complementou.
Por influência do pai e dos irmãos, o comerciante Sérgio Paulino, 50, resolveu pôr fim ao hábito de fumar há 16 anos. “Todos nós fumávamos. Quando eles pararam, fui influenciado a cessar o hábito também. Apesar de resistir um pouco no início, consegui largar o cigarro”, lembra Sérgio. “O vício me deixava praticamente cego a ponto de não ver nenhum tipo de benefício caso eu parasse, mas ainda bem que pude contar com a minha família, a maior influenciadora nesse processo de término”, emendou.
Apesar de ser difícil recuperar o “estrago” causado pelo tabagismo, conforme ressalta Thiago Matos, é possível reduzir os riscos de desenvolver a maioria das doenças. “Ao parar de fumar, o organismo demora a voltar ao padrão “normal” de antes do hábito tabágico, mas conseguimos controlar melhor as comorbidades coexistentes”, pondera.