Correio Braziliense
Diferente do que afirmou o presidente Jair Bolsonaro na manhã desta quarta-feira (30/10), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), desmentiu a informação de que havia comunicado ao chefe do Palácio do Planalto sobre o conteúdo do depoimento de um porteiro do Condomínio Vivendas da Barra, que citou o nome de Bolsonaro à polícia, em razão das investigações das mortes da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes.
“Eu jamais vazei qualquer tipo de documento. Sequer tive acesso a documentos que constam dessa investigação. E se esse documento vazou, como foi apresentado ontem (terça-feira, 29/10) numa emissora de televisão, que a Polícia Federal investigue e tome as providências”, afirmou o governador, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Witzel ainda se eximiu das afirmações do presidente de que estaria “conduzindo” o inquérito policial. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”, disse o governador, que manifestou o desejo de receber desculpas de Boslonaro. “Espero que o presidente reflita. Assim como ele divulgou um vídeo na internet que ofendeu a nossa Suprema Corte, pedindo desculpas, ele deve desculpas ao povo do estado do Rio de Janeiro”.
O governador carioca garantiu que não manipula o Ministério Público nem a Polícia Civil. “Isso é absolutamente inadequado e contrário às instituições democráticas. A polícia civil no meu governo tem independência, o Ministério Público tem e sempre terá independência. E infelizmente eu recebi com muita tristeza essas levianas acusações.”
Witzel reagiu dizendo que o comportamento de Bolsonaro demonstra um “descontrole emocional”. “Lamento que o presidente tenha, num momento, talvez, de descontrole emocional, num momento em que ele está numa viagem, não está talvez no seu estado normal, tenha feito acusações sobre a minha atividade como governador”, disse. “Eu tenho 17 anos como magistrado. E em toda a minha carreira como magistrado eu sempre prezei pelos princípios constitucionais. Jamais vazei qualquer tipo de informação, seja como magistrado, seja como governador”, acrescentou.
Durante a coletiva, Witzel se colocou à disposição para prestar qualquer tipo de esclarecimento às autoridades que investigam o crime. “Se está no Supremo Tribunal Federal, pode ter vazado ali dentro ou em qualquer outro órgão. Tem que ser investigado. Pode ser pela Polícia Federal, porque tem interesse da União. E eu estou à disposição. Desafio quem quer que seja a provar que eu vazei qualquer tipo de documento”, garantiu.