Alguns dos principais jornais ocidentais, como o francês Le Monde, com manchete, e os americanos New York Timese Wall Street Journal, entraram pouco depois dos brasileiros com a ordem de prisão de Lula.
O Washington Post destacou na home que ela “mergulha o Brasil no caos político”.
Ao longo do dia, a cobertura sobre Lula motivou até notificações, notícias enviadas diretamente aos celulares, do WSJ ao britânico Guardian. O noticiário tomou do site Axios, de Washington, ao South China Morning Post, de Hong Kong.
BOLSONARO
O vespertino Le Monde já levou Lula à primeira página impressa na tarde de quinta, avaliando que “nunca uma decisão dilacerou tanto o Brasil”. O jornal deu destaque para a previsão de que muitos de seus eleitores migrarão para Jair Bolsonaro.
A Bloomberg avalia que o Supremo “enterrou a esquerda”, mas avisa que o “alívio dos investidores”, como noticiado por CNBC e Financial Times, terá “vida curta” devido à ascensão de Bolsonaro.
E a Vice, em vídeo para a HBO, também aposta na “direita evangélica” agora que “o Supremo efetivamente nocauteou Lula da corrida”.
SOCIALISTA ELIMINADO
O site americano de extrema-direita Breitbart festejou que o Supremo “eliminou o socialista Lula” no momento em que os “jovens brasileiros estão se voltando para o conservadorismo”.
ÓDIO
O FT já adiantou editorial, intitulado “Processo de Lula mostra que ninguém está acima da lei”, em que busca reagir aos temores sobre Bolsonaro, dizendo que a vitória do “extremista de direita, que faz as visões de Trump parecerem moderadas”, não é certa. Argumenta que pode até perder seu apelo de “anti-Lula”.
Em análise, o alemão Süddeutsche Zeitung também vê assim, dizendo que Bolsonaro “se alimenta em grande parte do ódio a Lula”.
‘GOVERNO DE JUÍZES’
A revista britânica The Economist, com a ilustração acima e o título “Lula e o governo de juízes”, destaca “As falhas e os benefícios da campanha anticorrupção na América Latina”. Diz que seu impacto “pesou sobre a credibilidade da política democrática” na região, mas também deu esperança de que “acabará por fortalecê-la”.
Diz que Sergio Moro é “um juiz cruzado”, que a condenação de Lula se baseia em “delações premiadas generosas oferecidas a suspeitos” e que a pena de 12 anos, na primeira de nove acusações, “parece desproporcional”. Por outro lado, a revista lembra as “implicações mais amplas”, num país que permite tantos níveis para recorrer.
E conclui que, “quaisquer que sejam suas falhas e riscos, o esforço anticorrupção marca um avanço”.
Na mesma linha, o Süddeutsche avalia que a restrição aos recursos ajuda a apagar o “velho ditado brasileiro de que quem tem dinheiro nunca vai para a cadeia”. E sublinha a ironia de que “o homem que lutou como ninguém por justiça social vai levar para a cela este bordão: Sua derrota protege o país de mais injustiça”.