Saída de uma forte disputa – que foi ao segundo turno – pela Prefeitura do Recife contra seu primo João Campos (PSB), a deputada federal petista Marília Arraes, cotada como potencial candidata para a reeleição à Câmara dos Deputados pelo presidente estadual de seu partido, o deputado estadual Doriel Barros, afirmou em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco que continua mirando seus esforços em uma candidatura ao cargo de governadora.
“Minha vontade é ser candidata a governadora, mas qualquer um aqui sabe que vai ser definido por Lula. As decisões locais eu considero como opiniões que vão ser estudadas pelo [ex] presidente Lula e pela nacional, mas decidir ninguém vai decidir. Então eu estou me colocando como candidata a majoritária, independentemente de ser apoiado por A, B ou C ou não. É uma decisão complexa e tem que frisar que não tem como ninguém chegar e dizer ‘Marília vai ser candidata a uma coisa ou a outra’. Ninguém além de Lula vai dizer que tipo de estratégia vai ser adotada”, afirmou Marília.
“Minha vontade é ser candidata a governadora, mas qualquer um aqui sabe que vai ser definido por Lula. As decisões locais eu considero como opiniões que vão ser estudadas pelo [ex] presidente Lula e pela nacional, mas decidir ninguém vai decidir. Então eu estou me colocando como candidata a majoritária, independentemente de ser apoiado por A, B ou C ou não. É uma decisão complexa e tem que frisar que não tem como ninguém chegar e dizer ‘Marília vai ser candidata a uma coisa ou a outra’. Ninguém além de Lula vai dizer que tipo de estratégia vai ser adotada”, afirmou Marília.
Na visão da deputada, mesmo sendo Pernambuco um estado estratégico, “as decisões não vão sair todas daqui, como não saíram em 2018, como não saíram em 2020. Todas as decisões foram tomadas pela nacional, então é lá que eu tenho feito os debates. o diálogo que a gente tem mantido é com a nacional do partido e o [ex] presidente Lula, no sentido de colaborar com o que for pensado para o Brasil. O centro com certeza não vai ser é Pernambuco, mas o estado é uma peça importante nesse jogo”, disse a parlamentar.
Elogiada por Doriel, que lhe atribuiu a expectativa de uma grande votação, capaz de animar a militância do partido e do eleitorado e conseguir crescer a bancada do PT, a deputada, no entanto, ressalta que sua força política não pode fazer com que ela seja alijada do processo interno de tomada de decisão sobre as candidaturas para a eleição majoritária e, segundo a deputada, “quando você coloca essa pessoa como animadora de militância, você está alijando do processo. Está fora de cogitação. Eu estou participando, mas discutindo onde e com quem deve ser discutido”.
No final de 2020, o PT de Pernambuco decidiu lançar o senador Humberto Costa (PT-PE) como pré-candidato, sugerindo seu nome à Frente Popular como candidato a governador apoiado pelo PSB, visto que ambas as legendas buscam uma aliança nacional, o que precisa incluir o plano local.
De acordo com Marília Arraes, apesar da indicação “a discussão continua, independentemente de haver aliança nacional ou não – e é importante essa aliança para o PT – a discussão local continua”. Além disso, a deputada não acredita que o PSB poderia desistir de indicar um nome para a cabeça de chapa para dar lugar ao petista Humberto Costa. “A gente sabe que essa hipótese não existe. Não está em discussão uma questão como essa. Isso é loucura, só um delírio. Não tem possibilidade disso acontecer”, disse Marília.
Sua posição foi, inclusive, corroborara pelo governador Paulo Câmara (PSB) em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. O chefe do Executivo estadual afirmou que “em princípio” o partido não abrirá mão da cabeça de chapa. “O nosso desejo para 2022 é que o candidato ao Governo de Pernambuco seja do PSB”, declarou o governador na ocasião.
Marília também defende que o PT tome “decisões mais assertivas” na negociação pela aliança com o PSB no que diz respeito à definição de quem fica com cada cargo. Como exemplo, ela cita a proposta – posta na mesa – do partido abrir mão de uma indicação de candidato(a) a governador(a) e determinar o nome do(a) vice-governador(a), em lugar de determinar quem disputará a única vaga da chapa no Senado Federal.
“O que é que o PT, nacionalmente, ganha com a vice? Nada. Aqui em Pernambuco, não ganha nada. Isso acho improvável que aconteça, a não ser que a não ser que seja fruto de uma negociação nacional bem ampla. Dificilmente Lula vai abrir mão de uma candidatura ou de uma indicação de Senado na chapa em lugar de uma vice, que não acrescenta nacionalmente e ainda deixa o PT vinculado por 4 ou 8 anos ao projeto local do PSB”, disse a deputada, frisando que essas questões também estão a cargo do diretório nacional do partido.
Talvez o Senado?
Em entrevista coletiva concedida na quarta-feira (19), o ex-presidente petista Luís Inácio Lula da Silva falou sobre a situação eleitoral ainda pouco definida em Pernambuco. Questionado sobre as tratativas do PT com o PSB no estado para definir a chapa ao governo e também o nome da pessoa que concorrerá ao Senado, o ex-mandatário declarou que tanto Humberto Costa como Marília Arraes são cotados para o governo, e também indicou a chance de Marília concorrer a uma vaga no Senado.
“O PSB tem o direito de lançar candidato em Pernambuco porque é o estado em que a direção é mais forte do PSB, é lá. O que está acontecendo? O candidato natural do PSB não quer ser candidato, que é o Geraldo Julio, e o Paulo Câmara, que deve ser, na minha opinião, o coordenador da sucessão, precisa discutir. O que eu estou dizendo é que, dessa vez, o PT tem duas pessoas com potencial e força para ser candidato: o Humberto Costa, que está no mandato do Senado, e tem a Marília Arraes, porque além do cargo de governador, tem o cargo de vice e tem o cargo de senador”, disse Lula.
O líder petista ainda declarou que deseja o diálogo, pois na sua visão, muito embora o PSB seja um partido que tem o direito de fazer uma indicação de candidatura majoritária em Pernambuco, “não pode tratar o PT de forma pequena”. Para Lula, “é apenas isso que está em jogo, e Humberto Costa é muito fiel à relação com o PSB, se o PSB definir a candidatura, Humberto Costa está fora”.
Lula ainda citou o caso do senador Fabiano Contarato (ES), também um caso de incerteza eleitoral. O senador definiu sua filiação ao PT saindo do PSB, porém com chances de não se candidatar. “Foi dito para ele que a gente estava fazendo conversa com o PSB e seria muito prazeroso ele entrar no PT, mas não para ser candidato, porque aí a gente estaria traindo. Então ele entrou no PT e se vai ou não ser candidato, depende da nossa relação com o PSB”.