A imunidade da doença tem relação com o tipo de Covid-19 que a pessoa teve. “Quem teve uma Covid-19 leve, ou quem se inoculou com uma carga viral muito pequena, pode ser que a imunidade não seja tão forte como a de quem teve uma Covid-19 mais forte”, explica Garrett.
Para combater a infecção mais leve, o corpo aciona a primeira linha de defesa – as células do sistema imunológico inato. Na infecção grave, o corpo parte para a segunda linha – as células do sistema imunológico adaptativo.
“Essas células são especialistas, são recrutadas a partir das células do sistema inato. Por exemplo, quando a infecção está se estendendo e é necessária uma resposta específica contra ela, mais robusta e direcionada”, completa Fontes-Dutra.
Essa segunda linha de defesa é a responsável por gerar uma memória imunológica e que são capazes de responder se o corpo sofrer uma segunda infecção. “Sabendo que muita gente que teve Covid-19 pode não ter feito essas células de memória, essas pessoas permanecem suscetíveis de alguma forma. Por isso, é muito relevante essas pessoas também se vacinarem”, diz a neurocientista.
Além disso, a imunidade da vacina parece abranger vários tipos de variantes do SARS-CoV-2. Já para a imunidade ‘natural’ da doença ainda não há uma resposta.
“Para esse tipo de vírus, a vacina é melhor do que a imunidade natural. Mas isso não é uma regra. A imunidade natural da caxumba, por exemplo, é bem maior que a da vacina”, finaliza Garrett.
‘Não necessariamente’
Em agosto, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, defendeu que, ao menos no início, a vacinação deveria excluir quem já teve a Covid-19, pela limitação no número de doses.
“Até pode vacinar, não necessariamente necessita. Num primeiro momento [de vacinação], aqueles que não tiveram a infecção e, num segundo momento, aqueles que tiveram. Vamos acompanhar.”