O PT vai empurrar a candidatura de Lula o máximo que puder, mas mesmo seus líderes mais inflamados já jogaram a toalha.
Sabem que o TSE manterá a inelegibilidade do ex-presidente. A prisão dele, sim, ainda é uma incógnita, tal o número de recursos que o nosso sistema legal permite.
Vão manter a fantasia de tê-lo como candidato para ajudar o discurso da vitimização, quando, finalmente, ele receber o cartão vermelho. Até lá, a tropa da esquerda fica unida e o eleitorado permanece cativo.
Mas sem a foto de Lula nas urnas, o que fazer?
Essa é a pergunta que assombra os pesadelos dos petistas.
Por causa de Lula ou da fragilidade do próprio partido, nenhum quadro relevante, com projeção nacional, floresceu à sombra da sua esmagadora liderança.
Quem?
O PT não tem ninguém que possa substituir Lula, e, sem ele, a fragmentação das candidaturas de esquerda será natural. Guilherme Boulos, Manuela D’Ávila, Ciro Gomes e até Marina Silva vão disputar com um eventual candidato petista os votos dos órfãos de Lula.
É nesse deserto de nomes fortes que começa a prosperar, aqui e ali, a ideia de uma chapa Ciro Gomes-Fernando Haddad. Pela primeira vez em sua história, o PT deixaria de ter uma candidatura própria. Em compensação, manteria a chance de voltar ao poder. O ex-governador cearense, como demonstrou a última pesquisa Datafolha, é o maior beneficiário dos votos herdados de Lula.
A favor de Cirio tem, ainda, o fato de ser do Nordeste.