Um terremoto varreu Brasília na semana passada. Em ação coordenada, a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal cumpriram uma série de mandados de busca e apreensão contra um grupo de políticos. Entre eles estavam os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI). O Congresso reagiu como se a instituição houvesse sido atacada. Na grita contra a Polícia Federal e a PGR, os parlamentares investigados ganharam a companhia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Ele foi acusado, numa delação premiada, de pedir US$ 5 milhões em propinas. Para completar, o Ministério Público abriu um Procedimento Investigatório Criminal contra o ex-presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. O MP suspeita, como ÉPOCA noticiou em abril, que o ex-presidente pode ter praticado tráfico internacional de influência em favor da empreiteira Odebrecht. A exemplo de Cunha e Collor, Lula criticou os investigadores.
A soma de tudo isso gerou uma crise em Brasília. Essa crise pode ser entendida de duas maneiras – como fica claro ao longo de várias reportagens que estão na edição de ÉPOCA desta semana (edição 893). No curto prazo, criou-se uma turbulência política, com o rompimento de Eduardo Cunha com o governo. Essa turbulência, como rastreou a agência de classificação Moody’s, pode afetar a economia. No longo prazo, o terremoto pode representar uma depuração no país.
A investigação sobre os políticos vem sendo realizada com respeito a todos os procedimentos legais. Por causa da Lava Jato, alguns homens de Collor na Petrobras já foram afastados. É um começo. Que continue. (Época)