Trégua na campanha eleitoral…

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A morte prematura do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) deve tornar a campanha eleitoral deste ano atípica em Pernambuco. Os candidatos ao governo do estado pelo PSB e PTB, respectivamente Paulo Câmara e Armando Monteiro Neto, vão ter de começar do zero. Os dois terão de sentar com seus grupos políticos, refazer estratégias e montar novos discursos. Tudo de forma muito dosada, porque qualquer detalhe pode fazer a diferença e pegar mal diante do eleitor num momento tão delicado.

Adversário de Paulo Câmara, candidato do PSB na disputa para o Palácio do Campo das Princesas, Armando está pisando em ovos. Ele cancelou a agenda de campanha por sete dias, suspendeu a distribuição de material publicitário e a reunião de militantes no seu comitê. A ordem para os aliados foi de silenciar e respeitar a dor da família do ex-governador, de quem já foi próximo.

Os correligionários de Armando dizem que ele não vai precisar mudar radicalmente o discurso no palanque, porque não vinha desconstruindo a imagem de Eduardo por onde passava, especialmente no interior. Os socialistas inclusive reclamam, dizendo que Armando “esconde” Dilma e ainda é visto como candidato de Eduardo no interior.

O receio de Armando, contudo, é de como será montado o discurso do adversário e qual o impacto que a morte trágica do ex-governador vai provocar na emoção dos eleitores. Até a última pesquisa do Ibope, Eduardo Campos estava em terceiro lugar na disputa pela Presidência e perdia para Dilma Rousseff (PT) inclusive em Pernambuco. Armando despontava como favorito contra Câmara. Como ficará, agora, é uma incógnita.

O fator novo dessa campanha é a comoção e esse sentimento, agora, favorece Paulo Câmara. Até mesmo a presença constante de Dilma e de Lula no estado, que era dada como certa pela cúpula nacional do PT, deve ser reavaliada. Lula e Dilma estavam magoados com Eduardo, com as críticas que o ex-governador vinha fazendo ao governo petista. Os dois, inclusive, tinham como questão de honra ganhar a eleição em Pernambuco, por conta do rompimento com Eduardo. Algo que pode perder o sentido.

No campo do PSB, a orientação também é de silenciar sobre a campanha nesse momento, porque existe a possibilidade de a tropa se unir após morte do líder, mas também de recuar. O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), evitou falar sobre política, porém deu sinais de como deve ser o tom da campanha a partir de agora. “As questões políticas serão definidas no tempo certo e, com certeza honrarão a trajetória de vida desse líder que perdemos”, disse, em coletiva.

Já o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, contou que estava sem chão. Das lideranças que integram a Frente Popular, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) foi o único que falou de forma mais incisiva sobre a disputa eleitoral. Frisou que esse era um momento de “chorar e de trabalhar”, para não deixar esmorecer os ideais levantados por Eduardo Campos. (Diário de Pernambuco)