Poder 360 – O Centrão espera que ao longo de julho e até o início de agosto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça uma minirreforma ministerial envolvendo 3 pastas: Turismo, Desenvolvimento e Esportes. O grupo também deseja comando de uma estatal e entende que possa ser a Caixa Econômica Federal.
A partir dessas entregas, serão aprovados em agosto o projeto de lei do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) que dá mais poder ao governo e a lei complementar que cria o chamado novo marco fiscal.
A ideia é contemplar nomes indicados pelas representações na Câmara de União Brasil, PP e Republicanos, partidos que não se sentem devidamente atendidos dentro do governo e que desejam ter mais poder na administração Lula.
São estas as mudanças esperadas pelo Centrão:
Ministério do Turismo – sai da titular Daniela Carneiro (União Brasil) e deve ficar com a cadeira o deputado federal Celso Sabino (União Brasil-PA). O marido de Daniela é o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, que apoiou a eleição de Lula, mas deixou o União Brasil e se filiou ao Republicanos em abril. Daniela segue no União Brasil, mas o partido (que faz parte do Centrão) não a identifica como integrante do grupo;
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – sai Wellington Dias (que é senador eleito pelo PT do Piauí e reassume seu cargo no Congresso) e assume o deputado federal André Fufuca (PP-MA), que é do Centrão, mas que em 2022 esteve junto com Flávio Dino (PSB) no processo eleitoral (Dino foi eleito senador, mas no momento é ministro da Justiça de Lula). Fufuca atende ao Centrão, é ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas não se trata de político hostilizado pelo PT. Seria um nome palatável para Lula colocar na Esplanada;
Ministério dos Esportes – sai a ex-jogadora de vôlei Ana Moser (que não tem nenhum apoio partidário) e entra o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). O deputado cotado para ministro é filho de outro político tradicional de Pernambuco, Silvio Costa, que é apoiador de Lula e defensor da entrada do Republicanos no governo federal;
Caixa Econômica Federal – Rita Serrano (funcionária de carreira do banco) deve sair para dar lugar para algum quadro técnico indicado pelo Centrão. O nome já mencionado em Brasília é o do mineiro Gilberto Occhi, que chegou a presidir o banco de 2016 a 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB).
Occhi também foi ministro das Cidades (2014-2015) e da Integração Nacional (2015-2016), durante o governo de Dilma Rousseff (PT), e ocupou o cargo de ministro da Saúde (2018-2019), sob Michel Temer. Lula tem demonstrado a interlocutores que não está satisfeito com o desempenho de Rita Serrano no comando da Caixa. A saída parece ser inevitável. Occhi é um daqueles quadros profissionais de Brasília, que serve a qualquer governo e tem amplo conhecimento da máquina pública e do funcionamento dos partidos políticos, algo que a atual presidente da CEF não tem.
EMENDAS AZEITADAS
É importante registrar que a Caixa tem papel relevante na estruturação, análise e aprovação de projetos relacionados a emendas ao Orçamento de deputados e senadores.
Ao entregar a CEF para um quadro técnico e com experiência política, como Gilberto Occhi, o Planalto resolveria 2 problemas de uma vez. Primeiro, atenderia ao Centrão dando ao grupo o comando de uma estatal relevante. Segundo, azeitaria o sistema de liberação de verbas do Orçamento, uma reclamação constante de deputados de centro e de centro-direita durante o 1º semestre da atual administração federal.