Zenit
Cícero Romão Batista jamais soubera que um dia fora excomungado e, posteriormente, absolvido da pena, teve contato com Lampião, convidou Luis Carlos Prestes à rendição, movimentou o Nordeste Brasileiro, arrebanhou corações para Jesus Cristo, demonstrou-se sempre humilde e obediente perante as autoridades eclesiásticas, e, na impossibilidade de exercer o seu sacerdócio ministerial, tornou-se o “padrinho” de uma multidão órfã de pai. Essas e outras virtudes são muito bem demonstradas pelo jornalista Lira Neto na biografia mais completa já escrita sobre o santo popular: “Pe. Cícero, poder, fé e guerra no sertão”, Companhia das Letras.
Logo após a última missa celebrada na terra pelo “Padim” (como lhe chamavam os devotos, regionalismo de “padrinho”), no dia 4 de junho de 1921, minutos depois recebia o ofício diocesano que o proibia de exercer qualquer atividade como sacerdote dali por diante, até quando falecera em 20 de julho de 1934, tendo cumprido 90 anos.
“Instituo meu único e universal herdeiro a Santa Sé, representada na pessoa de Sua Santidade, o Papa, sendo o meu desejo que Sua Santidade aceite esta minha disposição de última vontade, incorporando a universalidade de minha herança ao patrimônio da mesma Santa Sé”, registrara alguns anos antes, em seu 1º testamento, lavrado no cartório em abril de 1918.
Testamento modificado em outras duas ocasiões, quando, em sua 3ª edição definitiva, deixou a Pia Sociedade de São Francisco de Sales como sua principal herdeira, com a condição de criar escolas e institutos de ensino e educação em Juazeiro. Acusado de escravizar os fieis na ignorância, esse mesmo sacerdote deixara metade da sua riqueza – não pouca, e doada por coronéis e romeiros ao longo da vida – para a educação dos concidadãos, e a outra metade para várias instituições religiosas da região.
Continua…