Em entrevista à Rádio Gaúcha, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), demitido do Ministério da Cidadania na quinta-feira (13), contou que saiu o cargo porque o presidente Jair Bolsonaro “tinha de resolver uma questão específica em outras áreas do governo”. O ex-ministro disse que o governo “tem o direito de fazer os arranjos políticos que são necessários”, negou estar decepcionado e afirmou que continuará apoiando a atual gestão.
De acordo com Terra, o presidente lhe ofereceu a possibilidade de assumir uma embaixada, mas ele recusou o convite. O ex-ministro considerou ainda a possibilidade de retornar ao governo caso haja alguma mudança no número de ministérios, com a criação de uma pasta que cuide de temas ligados a drogas, por exemplo.
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro justificou “que precisava resolver uma situação específica, que era da Casa Civil” e que era a alternativa que ele tinha, considerando a conjuntura toda e com “o Ministério da Educação sendo atacado pela Câmara”.
“O ministro Onyx é uma peça chave do governo, foi quem esteve desde o início com o presidente, ia sair da Casa Civil para ser nomeado o Braga Netto e o ministério que tinha como albergar (o Onyx) era o da Cidadania”, avaliou.
Questionado sobre ressentimentos com sua saída, Terra negou: “Não, porque todos os processos que participei do governo… O presidente Bolsonaro, para mim, é a possibilidade de mudança que tem neste país. Qual presidente, candidato, convidaria Sergio Moro para ser ministro da Segurança Pública? Qual convidaria Paulo Guedes para fazer a revolução na economia? E convidaria o Tarcísio (Gomes de Freitas)? O cargo mais disputado que teve pelos partidos a vida inteira que conheço era ministro da Infraestrutura. E era indicação política dos partidos, a gente sabe o que aconteceu. Esse cargo hoje é de um militar de carreira. Então, em todas as áreas tivemos essas indicações pessoais do presidente. É o melhor ministério que vi nos últimos anos.”
Sobre uma possível saída do MDB e retorno à Câmara, o também eleito deputado federal afirmou: “O MDB é um partido que estou militando há 40 anos. Então é uma conversa que tenho de fazer com eles. Acho que o MDB se deixou levar nessa onda de corrupção e parceria que fez com o PT esses anos todos — que sempre fui contra”. Terra considera que, na última eleição, perdeu voto não por causa do seu trabalho,mas porque era do MDB.
No que diz respeito a uma futura migração para o partido do presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro afirmou ainda não saber se iria: “Não sei. O que estou trabalhando é para que o MDB se recicle. Se não se reciclar, aí vou ver, estou de sangue doce. Posso ser candidato ou até a sair da política e fazer uma vida acadêmica”. (Diário de Pernambuco)