Diário de Pernambuco/Claudia Molinna– Já ouviu falar no TDI, Transtorno Dissociativo de Identidade? Talvez só no cinema, no filme ‘Fragmentado’, por exemplo, em que o protagonista transita entre 23 personalidades diferentes ou na película “Sybil”, onde a atriz Sally Field interpreta uma mulher que desenvolveu 16 personalidades, como mecanismo de defesa para os abusos que sofreu da mãe. Na vida real, temos um caso famoso apresentado numa reportagem da BBC, feita em 2017, que relata
a história de Melanie Goldwin, que alternava nove personalidades. O TDI é uma condição psicológica em que aspectos como memórias, comportamentos, sentimentos e a própria identidade são afetados. É um processo mental dissociativo, responsável pela falta de conexão com a personalidade original. A causa está na infância, através de um grande trauma sofrido, que muitas vezes foram abusos sexuais, físicos ou psíquicos. Para sobreviver a essas situações, a criança desenvolve outras personalidades, que são ferramentas de autodefesa para suportar momentos de extrema dor e angústia.
Estudiosos também constataram que a quebra de confiança emocional na relação com um adulto, também pode ser a fonte do transtorno. A quebra de vínculo de forma abrupta, como um abuso, uma negligência e até uma morte repentina da pessoa adulta, faz com que a criança passe a se defender sozinha, para o superar o momento traumático.
Existem casos em que uma personalidade toma conhecimento de outra, que se encontra na mesma pessoa. O interessante é que algumas personalidades podem não gostar das outras e, inclusive, formar gangues entre si, preservando as características de cada uma. Entre os principais sintomas do TDI estão os desmaios, a pseudoconvulsão e a amnésia. Aliás, é comum não haver lembrança das ações enquanto outra personalidade estiver no controle. A psicoterapia é o tratamento mais utilizado para estabilizar os pacientes e garantir sua segurança. As experiências traumáticas são avaliadas, individualizando as diferentes personalidades, possibilitando investigar o que motiva o aparecimento. No caso descrito acima, da inglesa Melanie, ela conseguiu se tratar e hoje trabalha e vive uma vida normal e feliz, junto ao marido e filhos.